O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, levantou nesta quinta-feira, 22, a possibilidade de comprar 5 milhões de hectares de terra a preço comercial de seus atuais proprietários e depois vendê-los a um preço menor para camponeses ou pequenos e médios empresários. “Vamos comprar-lhes as terras com títulos de dívida pública que possam tornar exigíveis a qualquer momento no mercado secundário de títulos com um fim fundamental: 5 milhões de hectares, não todos, dos 30 que temos hoje em capacidade de produção, serão comprados pelo Estado a preço comercial”, disse Petro em comunicado à imprensa em Nova York, onde estava até hoje para participar da Assembleia Geral da ONU. O chefe de Estado colombiano explicou que estas terras serão posteriormente vendidas “a um preço mais baixo aos camponeses, camponesas, pequenos e médios empresários com um objetivo fundamental: criar uma base de justiça social no mundo agrário”. Historicamente, a disputa e falta de terra para os camponeses tem sido uma das causas do conflito armado colombiano, e essa tensão se intensificou nas últimas semanas devido ao aumento das invasões em diferentes regiões do país.
O governante lembrou ainda que nas últimas décadas, na Colômbia, milhares de pessoas foram mortas ou expulsas de suas terras por meio da violência e se perguntou onde estão essas terras. Nesse sentido, destacou que será fortalecida a restituição de terras, direito que as vítimas têm de ter seus bens devolvidos quando desapropriados ou abandonados devido ao conflito armado. Da mesma forma, Petro explicou que nas últimas décadas o dinheiro das drogas comprou milhões de hectares de terras férteis para lavar capital ilícito, como fez o narcotraficante Pablo Escobar em sua época.
“A terra era o principal ativo de lavagem de máfias como a de Pablo Escobar e outras que monopolizaram as terras férteis do país para nada produzir”, comentou. Ontem, o governo colombiano anunciou uma reforma agrária que começará com a entrega de títulos de propriedade de 681.372 hectares a camponeses, indígenas e afrodescendentes. A ministra da Agricultura, Cecilia López Montaño, afirmou que nesta primeira fase, que vai até 15 de novembro, serão entregues títulos de propriedade a 12.600 famílias em 19 departamentos do país.
*Com informações da EFE