A comissão de inquérito da ONU acusou a Rússia nesta sexta-feira, 23, por crimes de guerra na Ucrânia. “Com base nas evidências coletadas pela Comissão, concluiu-se que crimes de guerra foram cometidos na Ucrânia”, disse o presidente desse órgão, Erik Mose, durante uma primeira apresentação oral perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, na qual listou os bombardeios russos de áreas civis, numerosas execuções, torturas e maus-tratos e violência sexual. Em uma intervenção por vídeo, o representante da Ucrânia, Anton Korinevich, descreveu a apresentação dos investigadores como um “marco importante” para o estabelecimento de responsabilidades perante a Justiça, e lembrou que seu país pede a criação de um tribunal especial para julgar os crimes russos na Ucrânia. A comissão foi criada em março passado pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para investigar denúncias sobre as ações das tropas russas na Ucrânia.
O conselho aprovou então uma nova resolução em maio pedindo que a comissão investigasse especificamente as graves violações de direitos humanos cometidas por tropas russas nas regiões de Kiev, Chernigov, Kharkiv e Sumy. Durante suas investigações nessas quatro regiões, a comissão visitou 27 cidades e vilarejos e questionou mais de 150 vítimas e testemunhas, explicou Erik Mose. “Ficamos chocados com o grande número de execuções nas regiões que visitamos. A Comissão está atualmente investigando essas mortes em 16 cidades e locais. Recebemos denúncias críveis sobre mais casos de execuções, que estamos documentando”, explicou. Características comuns nos corpos encontrados foram sinais visíveis de execuções, como mãos amarradas nas costas, ferimentos de bala na cabeça ou cortes no pescoço. Essas acusações diretas, longe da habitual cautela da ONU, foram elogiadas por muitos diplomatas, enquanto a Rússia deixou sua bancada vazia. “Sua apresentação leva à reflexão sobre o alcance e amplitude dessas atrocidades e seu impacto duradouro na vida de dezenas ou centenas de milhares de civis inocentes, incluindo crianças”, disse o embaixador britânico Simon Manley.