O governo do Irã divulgou nesta sexta-feira, 7, uma nota referente a morte de Mahsa Amini, uma jovem levada pela polícia da moral e que faleceu após ficar três dias em coma. Contrariando tudo o que vem sendo dito até o momento, de que a morte da jovem está relacionada ao espancamento sofrido, eles informaram que o óbito está relacionado a uma doença cerebral e não foi causada por espancamento, de acordo com um relatório médico divulgado pela República Islâmica. A Organização Forense Iraniana informou que “a morte de Mahsa Amini não foi causada por pancadas na cabeça e órgãos vitais”, mas por “intervenção cirúrgica devido a um tumor cerebral aos 8 anos”, segundo o relatório publicado pela televisão estatal. Amini foi acusada de descumprir o rígido código de vestimenta feminino da República Islâmica, que exige cobrir o cabelo com véu e usar roupas discretas e morreu no dia 16 de setembro. A informação vai contra o relatado pelo primo da jovem,Erfan Salih Mortezaee, que relatou que os médicos disseram que a causa da morte estava associada à pancada
Sua morte provocou protestos e uma onda de violência nas ruas, que resultou na morte de muitos manifestantes e membros das forças de seguranças, além de centenas de prisões. Ao menos 92 pessoas morreram desde 16 de setembro, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega. Por sua vez, as autoridades iranianas divulgaram um balanço de 60 mortos, incluindo 12 agentes de segurança. O caso também ganhou repercussão no cenário internacional e já foi citado por alguns líderes mundiais que apoiam as manifestações que estão acontecendo e a luta das mulheres pelo fim da repressão. Contudo, esse posicionamento desagradou as autoridades iranianas. O Guia Supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, acusou na segunda-feira, 3, seus ferrenhos inimigos, Estados Unidos e Israel, de fomentar a onda de distúrbios em todo o país. “A morte da jovem partiu nossos corações”, disse o Guia Supremo, de 83 anos. “Mas o que não é normal é que algumas pessoas, sem provas ou investigações, transformem as ruas em um perigo, queimem o Alcorão, as mulheres retirem o véu e queimem mesquitas e carros”, acrescentou Khamenei.
*Com informações da AFP