A Rússia desencadeou uma enxurrada de ataques contra várias cidades ucranianas nesta segunda-feira, 10, incluindo o centro da capital do país, Kiev, onde pelo menos 10 pessoas foram mortos e 60 ficaram feridas. A informação da quantidade de mortos e feridos foi confirmada por Rostyslav Smirnov, assessor do Ministério de Assuntos Internos ucraniano. Os bombardeios já destruíram diversos alvos civis e, segundo o presidente russo, Vladimir Putin, são uma resposta ao que chamou de “terrorismo” praticado pela Ucrânia ao atacar uma ponte na Crimeira, controlada por Moscou. A ponte de Kerch é importante para a Rússia estrategicamente como uma linha de abastecimento militar para suas forças na Ucrânia, e simbolicamente, como um emblema de suas reivindicações sobre a Crimeia. Ninguém assumiu a responsabilidade por danificar a ponte de 19 quilômetros, a mais longa da Europa. Putin disse ainda que os militares russos lançaram armas de precisão do ar, mar e terra para atingir as principais instalações de energia e comando militar da Ucrânia e alertou que, se o país continuar a realizar “ataques terroristas” contra a Rússia, a resposta de Moscou será “dura e proporcional ao nível de ameaças”. O intenso ataque de horas de duração marcou uma escalada militar repentina por Moscou. Os ataques recentes da Ucrânia fazem parte de uma contra-ofensiva bem-sucedida realizada nas últimas semanas, pouco antes da guerra no Leste Europeu completar oito meses. O Kremlin tenta se recuperar de reveses humilhantes no campo de batalha em áreas que está tentando anexar.
As explosões desta segunda atingiram o distrito de Shevchenko, grande área no centro da Kiev que inclui o centro histórico e vários escritórios do governo. A área é considerada o coração simbólico da capital ucraniana, já que lá estão localizados o Parlamento e outros marcos importantes. Uma torre de vidro que abrigava escritórios foi significativamente danificada, a maioria de suas janelas azuladas foi quebrada no impacto. Moradores foram vistos nas ruas com sangue em suas roupas e mãos. Um jovem vestindo uma jaqueta azul estava sentado no chão enquanto um médico enrolava um curativo em sua cabeça. Uma mulher com bandagens em volta da cabeça tinha sangue por toda a frente da blusa. Vários carros também foram danificados ou completamente destruídos. Sirenes de ataque aéreo soaram repetidamente em todo o país e em Kiev.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que as forças russas utilizaram dezenas de mísseis e drones construídos pelo Irã no ataque. O governo fala em 75 mísseis disparados contra alvos ucranianos, dos quais 41 teriam sido neutralizados por defesas aéreas. Os alvos eram áreas civis e instalações de energia em 10 cidades, disse Zelensky, em um discurso em vídeo. “[Os russos] escolheram esse momento e esses alvos de propósito para causar o maior dano”, falou o presidente. Após os ataques, vários civis e moradores da capital retornaram a abrigos antiaéreos pela primeira vez em meses. O sistema de metrô da cidade interrompeu os serviços de trem e disponibilizou as estações mais uma vez como abrigos antibombardeio. Embora as sirenes de ataques aéreos tenham continuado durante a guerra nas principais cidades da Ucrânia em todo o país, em Kyiv e em outras áreas onde houve meses de calma, muitos ucranianos começaram a ignorar seus avisos e seguir suas atividades normais. Lesia Vasylenko, membro do parlamento da Ucrânia, publicou uma foto no Twitter mostrando que pelo menos uma explosão ocorreu perto do prédio principal da Universidade Nacional de Kiev, no centro da cidade.
A cidade de Kharkiv também foi bombardeada, tendo sido atingida três vezes, disse o prefeito Ihor Terekhov. O fornecimento de eletricidade e água foi interrompido na região. A infraestrutura de energia também foi atingida em Lviv, disse o governador regional Maksym Kozytskyi. Três mísseis de cruzeiro lançados contra a Ucrânia por navios russos no Mar Negro cruzaram o espaço aéreo da Moldávia, acusou o ministro das Relações Exteriores do país, Nicu Popescu. Autoridades ucranianas temem que os ataques desta segunda tenham aberto uma nova onda de ofensivas intensas contra o país na guerra do Leste Europeu.
*Com informações da AP News