A pouco mais de um mês para o início do inverno na Ucrânia, os constantes ataques russos as infraestruturas energéticas, que acontece desde outubro, acende um alerta nos ucranianos: o alto risco de enfrentar as baixas temperaturas no escuro. No domingo, 6, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou que o país já enfrenta um déficit de 32% de sua capacidade energética, com quase 60% das instalações afetadas em algum momento. Desde 10 de outubro, o sistema elétrico ucraniano tem sido afetado por múltiplos ataques russos contra a infraestrutura energética. Para evitar um apagão total, a operadora nacional Ukrenergo aplica cortes de eletricidade programados na capital e outras cidades e regiões da Ucrânia. No site da operadora, basta indicar sua direção e aparecem os cortes programados para a semana, por rotação de distritos. Porém, os apagões controlados não aliviam o sistema elétrico. No sábado, Ukrenergo anunciou restrições adicionais com cortes de emergência. No domingo em Kiev, mesmo os bairros próximos à Presidência, livres de apagões até então, sofreram cortes temporários. Também houve cortes de água no início da semana em algumas regiões da capital, após novos ataques russos. A capital voltou a ser alvo em outubro, após ficar livre de ataques desde junho
Nesta segunda, quando os termômetros da cidade já marcaram 4 ºC, Vitali Klitschko, prefeito de Kiev, foi mais radical em suas palavras quanto a possibilidade de falta de energia e falou que se o cenário continuar, os moradores devem se preparar para deixar a cidade em caso de um blecaute total, pois, sem energia, não há aquecedores elétricos ou água corrente. No começo do mês a cidade chegou a ficar no escuto e os moradores sem água devido aos ataques russos. Com a proximidade do inverno, Klitschko, disse que teme o pior cenário em caso de novos ataques a instalações energéticas: “aquele em que não haverá eletricidade, água ou aquecimento”. Para Igor, um cientista de 70 anos, os bombardeios contra infraestruturas civis são a marca da “agonia e a impotência do Exército russo”, após perder em setembro milhares de quilômetros quadrados no nordeste.
A Rússia, por sua vez, afirma estar “concentrando forças e meios para uma repetição dos ataques maciços contra a infraestrutura, primariamente energética”. Tudo isso ocorre em um momento em que uma batalha de programa para acontecer em Kherson, onde vários civis foram evacuados em uma operação especial das tropas de Vladimir Putin. A cidade, que foi anexada por Putin no final de setembro, é uma localização importante pelo fato de abrigar o canal de fornece água para a Crimeia – anexada pela Rússia desde 2014. Um dos principais aliados de Putin no continente europeu, o presidente sérvio Aleksandr Vučić, disse nesta segunda que Kherson “será a batalha decisiva da guerra”. Para a agência russa Tass, o que está acontecendo é ‘a batalha de Stalingrado’. “O Ocidente acredita que vai destruir a Rússia, e a Rússia acredita que poderá proteger o que tomou e acabar com o conflito. Isso vai criar problemas adicionais em todos os lugares”. Conforme noticiado pelo jornal norte-americano The Washington Post, a Ucrânia vem sendo pressionada pelos EUA para negociar com a Rússia e evitar uma possível escalada nuclear da guerra, porém, Zelenksy tem se mostrado resistente quanto a isso, e até já assinou um decreto em que diz que não vai negociar com os russos enquanto Putin estiver no poder.