FBI ainda prende envolvidos no ataque, baseado em pistas fornecidas pelos próprios participantes, que orgulhosamente se deixaram filmar e fotografar em atos de vandalismo Foto de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio dos EUA, mostra policiais conversando com apoiadores do então presidente americano, Donald Trump, incluindo Jacob Chansley (à direita), do lado de fora do plenário do Senado
Manuel Balce Ceneta/AP
Até hoje, dois anos depois de o Capitólio ter sido invadido e vandalizado por uma multidão de seguidores do ex-presidente Donald Trump, o FBI ainda caça e prende participantes do maior ataque antidemocrático a um centro de poder dos EUA. Mais de 950 insurgentes foram acusados de crimes federais e se tornaram réus, resultando em 192 condenações e 484 admissões de culpabilidade.
Para começar, as investigações seguiram as pistas fornecidas pelos próprios vândalos, que se deixaram fotografar e filmar em cenas que horrorizaram o país, tais como as que ocorreram neste domingo (8) em Brasília protagonizadas por seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As imagens de depredações e saques nas invasões das sedes do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal expuseram um padrão muito semelhante ao ataque ao Capitólio. Insuflados por grupos de extrema direita, um bando de desordeiros tenta impedir a transição pacífica de poder sob a falsa alegação de fraude eleitoral.
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Sergio Lima/AFP
Nos EUA, as consequências desses atos foram rigorosas para os envolvidos. A começar por um dos personagens mais emblemáticos do motim – Jacob Chansley, que desfilava pelas instalações do Congresso usando um chapéu com chifres de búfalo e ficou conhecido como xamã do QAnon: dez meses depois do ataque, ele foi condenado a 41 meses de prisão. A mesma pena foi dada a Scott Fairlamb, ex-lutador de artes marciais filmado enquanto socava um policial.
O Departamento de Justiça foi atrás também de quem não participou da invasão, mas atuou como mentor: os líderes de milícias supremacistas e antigovernamentais. O grupo Oath Keepers foi incensado por Trump num debate eleitoral com Joe Biden. Seu fundador, Stewart Rhodes, e vários companheiros enfrentaram acusações de conspiração sediciosa, com intenção de derrubar o governo.
Em novembro passado, o ex-paraquedista Rhodes foi condenado e aguarda a sentença, que pode chegar a 20 anos de prisão. Isso abriu um precedente para a condenação de Enrique Tarrio, chefe do Proud Boys, outro grupo de extrema direita envolvido no ataque ao Capitólio.
Ele está sendo julgado pelo mesmo crime, embora não tenha participado do motim por ter sido proibido de entrar em Washington. Os promotores alegam que Tarrio encorajou os seguidores a invadirem o prédio do Congresso para interromper a validação do presidente eleito, Joe Biden.
A investigação sobre este ataque é considerada a maior já empreendida pelo Departamento de Justiça e, segundo o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, está muito longe de terminar.
Mais de duas mil pessoas entraram na sede do Capitólio naquele dia 6 de janeiro. Os que não causaram danos à propriedade ou a pessoas e apenas caminharam por suas instalações estão sujeitos a seis meses de prisão. Agressões a policiais – 250 feridos e três mortos – resultaram em condenações de até 10 anos.
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Os policiais, aliás, revelaram-se os verdadeiros heróis do fatídico ataque. Resistiram e tentaram impedir a entrada da multidão enfurecida no prédio e que eles chegassem ao vice-presidente Mike Pence e aos congressistas ameaçados. Não deixaram a turba passar, ao contrário do que se observou neste domingo em Brasília.
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Fonte: https://g1.globo.com/mundo/blog/sandra-cohen/post/2023/01/08/dois-anos-depois-da-invasao-do-capitolio-eua-tornou-950-presos-em-reus-por-crimes-federais.ghtml