Um médico da região metropolitana de Porto Alegre foi preso, acusado de abusar sexualmente de uma paciente, pela segunda vez. O agressor, que já havia sido condenado pelo mesmo crime, não teve o registro profissional suspenso e voltou a trabalhar.
A vítima mais recente do criminoso foi uma mulher, que conta ter procurado o posto de saúde, em outubro do ano passado, para pegar uma requisição de exame de sangue. Ela percebeu que havia algo de errado quando o médico trancou a porta do consultório.
“Daí ele pegou e me fez exame nas minhas “partes íntimas”. E daí ele pegou, me mandou deitar de lado na maca, e daí ele começou a me fazer exame de toque. Só podia ter coisa errada, porque eu fui para uma coisa e virou outra”, relata a vítima.
O atendimento ocorreu em uma Unidade de Saúde de Nova Hartz, a cerca de 70 quilômetros de Porto Alegre. Segundo a prefeitura, o homem cobriu férias e trabalhou apenas 11 dias.
O médico Valmir Venâncio da Silva, de 39 anos, acabou sendo detido pela segunda vez na 5ª feira (12.jan). Em 2018, ele foi preso em flagrante por abusar de uma gestante em São Leopoldo, também na Grande Porto Alegre. De acordo com a polícia, havia ainda outras denúncias semelhantes.
“Uma das vítimas teria procurado atendimento médico em razão de uma picada por inseto na região do pescoço e, também neste caso, o médico solicitou que retirasse as vestimentas, promoveu toques nas regiões íntimas e, por vezes, até efetuava questionamentos sobre a vida sexual e a vida matrimonial da vítima”, afirma o delegado Felipe Borba.
Condenado a 9 anos de prisão, o médico ficou apenas 2 anos na cadeia. Liberado para o semiaberto com uso de tornozeleira eletrônica, recentemente, Valmir conseguiu progressão para o regime aberto. Foi então que o médico voltou a atuar e fez, pelo menos, duas novas vítimas, uma em Nova Hortiz e outra em Sapucaia do Sul, na mesma região.
O Conselho Regional de Medicina tinha uma sindicância em aberto e só suspendeu o registro em dezembro, após a denúncia mais recente, e alega que não tinha conhecimento da primeira condenação.
“Não fomos comunicados pela Justiça dessa decisão. Se recebemos a decisão da Justiça, obviamente, nós vamos cumprir. O Cremers é parceiro de todos os órgãos e, obviamente, se a Justiça tem entendimento, nós íamos acatar imediatamente”, diz o presidente do Cremers, Carlos Sparta.
Depois de três meses, a vítima ainda convive com um trauma difícil de curar: “eu fiquei traumatizada. Eu não consigo mais me consultar com clínico geral, eu não me consulto mais com ninguém. EU não entro mais em consultório de ninguém. Eu não entro mais, porque eu digo assim: ‘ele acabou com a minha vida'”. (SBT)
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