21/02/2023 às 08h38min - Atualizada em 22/02/2023 às 00h02min

Putin suspende acordo nuclear com os EUA; entenda o que é o tratado New START

Declaração foi feita em um discurso voltado para a elite política e militar do país. 'Mais armas nucleares tornam o mundo mais perigoso', disse o secretário-geral da Otan.

G1
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Declaração foi feita em um discurso voltado para a elite política e militar do país. 'Mais armas nucleares tornam o mundo mais perigoso', disse o secretário-geral da Otan. O presidente russo, Vladimir Putin, faz seu discurso anual na Assembleia Federal em Moscou, Rússia, em 21 de fevereiro de 2023
Sputnik/Dmitry Astakhov/Kremlin via Reuters
O presidente Vladimir Putin suspendeu nesta terça-feira (21) a participação Rússia no último tratado de controle de armas nucleares feito com os Estados Unidos. Ela também alertou que os russos colocaram novas armas estratégicas à disposição para combate.
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Os dois países ainda têm vastos arsenais de armas nucleares remanescentes da Guerra Fria, cujos números são atualmente limitados pelo New START, acordo assinado pelos dois países em 2010 e que deveria valer até 2026 (entenda mais abaixo).
"Sou forçado a anunciar hoje que a Rússia está suspendendo sua participação no Tratado de Redução de Armas Estratégicas", disse Putin.
Ele também anunciou a disponibilização de um novo tipo de armamento, mas não especificou quais sistemas haviam sido colocados em serviço nem afirmou se seriam armas nucleares.
O líder russo disse que algumas autoridades em Washington estavam pensando em retomar os testes nucleares e que o Ministério da Defesa da Rússia e a corporação nuclear deveriam, portanto, estar prontos para testar as armas nucleares russas, se necessário.
"É claro que não faremos isso primeiro. Mas se os Estados Unidos realizarem testes, então nós o faremos. Ninguém deve ter ilusões perigosas de que a paridade estratégica global pode ser destruída", disse o presidente russo.
Putin anunciou a medida durante seu discurso anual para a elite russa, no qual prometeu continuar com a operação militar da Rússia na Ucrânia e acusou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos EUA, de inflamar o conflito na crença equivocada de que poderia derrotar Moscou em um confronto global.
"Há uma semana, assinei um decreto sobre a colocação de novos sistemas estratégicos terrestres em serviço de combate. Eles vão enfiar o nariz deles lá dentro também, ou o quê? Eles acham que tudo é tão simples assim? Que vamos deixá-los entrar lá assim?", disse Putin no discurso.
Falando quase um ano depois de ordenar uma invasão que desencadeou o maior confronto com o Ocidente desde o período da Guerra Fria, Putin disse que a Rússia "resolverá consistentemente as tarefas que enfrenta" na Ucrânia.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que lamenta a decisão da Rússia de suspender sua participação no acordo New START e pediu que Putin reconsidere esta decisão. "Mais armas nucleares e menos controle tornam o mundo mais perigoso", disse.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chamou o anúncio de Putin de profundamente infeliz e irresponsável. "Estaremos observando atentamente para ver o que a Rússia realmente faz. É claro que nos certificaremos de que, em qualquer caso, estejamos posicionados adequadamente para a segurança de nosso próprio país e de nossos aliados", disse Blinken.
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O que é o tratado New START?
Assinado pelos presidentes Barack Obama e Dmitry Medvedev em 2010, o tratado New START limita o número de ogivas nucleares estratégicas que os Estados Unidos e a Rússia podem implantar em misseis ou armamentos.
Acordo entrou em vigor em 2011 e foi estendido em 2021 por mais cinco anos após a posse de Joe Biden. O acordo permite o acesso de inspetores dos EUA e da Rússia aos armamentos, para garantir que ambos os lados estejam cumprindo o tratado.
Sob o acordo, Moscou e Washington se comprometem a não implantar mais do que 1.550 ogivas nucleares estratégicas e 700 mísseis e bombardeiros de longo alcance.
Cada lado pode realizar até 18 inspeções de locais estratégicos de armas nucleares a cada ano para garantir que o outro não tenha violado os limites do tratado. No entanto, as inspeções sob o acordo foram suspensas em março de 2020 por causa da pandemia da Covid-19.
As negociações entre Moscou e Washington sobre a retomada das inspeções deveriam ocorrer em novembro passado no Egito, mas a Rússia as adiou e nenhum dos lados estabeleceu uma nova data.
Confronto nuclear
A Rússia disse no início deste mês que queria preservar o tratado, apesar do que chamou de uma abordagem destrutiva dos EUA para o controle de armas.
Juntos, a Rússia e os Estados Unidos possuem cerca de 90% das ogivas nucleares do mundo, e ambos os lados enfatizaram que a guerra entre as potências nucleares deve ser evitada a todo custo.
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, é satirizado no carnaval da Alemanha 
No entanto, a invasão da Ucrânia pela Rússia colocou os dois países mais perto de um possível confronto direto do que em qualquer momento nos últimos 60 anos.
Os Estados Unidos acusaram a Rússia de violar o tratado ao não permitir inspeções em seu território, enquanto Moscou alertou que a determinação do Ocidente de derrotar a Rússia poderia impedir que o tratado fosse renovado quando expirasse em 2026.
A Rússia disse no ano passado que o perigo de um conflito nuclear era real e não deveria ser subestimado, mas que deveria ser evitado a todo custo.
Tanto os EUA quanto a Rússia têm verificações para garantir que seus mísseis nucleares não possam ser usados acidentalmente, depois que anos de tensão durante a Guerra Fria levaram a alguns quase acidentes.
No entanto, os temores de um confronto nuclear aumentaram desde a invasão da Ucrânia. Putin lembrou ao mundo o tamanho e o poder do arsenal de Moscou e disse que está pronto para usar todos os meios necessários para defender a integridade territorial da Rússia.
Ministério de Defesa da Rússia divulga foto de teste de míssil balístico intercontinental feito em 2020
Ministério de Defesa da Rússia via AP

Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/02/21/putin-cancela-acordo-nuclear-com-os-eua-e-coloca-misseis-nucleares-em-servico-de-combate.ghtml
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