01/03/2023 às 17h35min - Atualizada em 02/03/2023 às 06h03min

Entenda a polêmica envolvendo a visita de Lula a Portugal e a sessão sobre a Revolução dos Cravos no parlamento do país europeu

Ministro português disse que o presidente brasileiro iria discursar em sessão comemorativa da Revolução dos Cravos. Deputados criticaram a participação de um líder estrangeiro durante o evento, e devem realizar uma sessão separada para receber Lula.

G1
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Ministro português disse que o presidente brasileiro iria discursar em sessão comemorativa da Revolução dos Cravos. Deputados criticaram a participação de um líder estrangeiro durante o evento, e devem realizar uma sessão separada para receber Lula. Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, discursa durante visita ao Brasil no dia 23 de fevereiro de 2023
Ministério das Relações Exteriores/Reprodução
Após uma declaração do chanceler português, na semana passada, de que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, iria discursar na Assembleia da República de Portugal durante a celebração da Revolução dos Cravos (entenda melhor a data abaixo), em abril, alguns deputados daquele país se posicionaram contra a participação de um líder estrangeiro no evento comemorativo.
Passados alguns dias, veio a confirmação de que Lula não irá discursar na sessão solene que vai marcar os 49 anos da Revolução dos Cravos Assembleia da República, o parlamento português, mas será, sim, recebido na casa em uma cerimônia separada.
Como começou a polêmica
A confusão começou no dia 23 de fevereiro, durante a visita ao Brasil do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho.
O ministro deu a entender que o presidente do Brasil iria discursar na Assembleia da República, o parlamento português, durante a homenagem à Revolução dos Cravos:
“É uma singularidade que ele [Lula] irá discursar no Parlamento português na Assembleia da República no aniversário da Revolução de 25 de Abril, a Revolução dos Cravos de 1974. É a primeira vez que um chefe de estado estrangeiro [...] faz um discurso nessa data tão importante para nós”, disse Cravinho.
Lula durante uma visita a Portugal antes das eleições de 2022
Armando Franca/AP Photo
Crítica dos deputados
A declaração ministro dos Negócios Estrangeiros foi logo rechaçada por partidos de direita de Portugal.
Segundo reportagem do jornal português “Diario de Notícias”, representantes dos partidos Chega e Iniciativa Liberal consideraram o ato “um desrespeito” e um “atropelo inaceitável”.
Eles apontaram que o parlamento tem soberania em decidir quem iria discursar ou não na sessão solene, com o agravante de ser em uma celebração de uma data importante da história da democracia de Portugal.
"É um pouco desrespeitoso ser um ministro, e não o presidente da Assembleia, a anunciar quem discursa nesta casa", disse André Ventura, presidente do Chega, partido de extrema-direita.
Um deputado da esquerda portuguesa, Pedro Filipe Soares, fez o seguinte questionamento no Twitter: “Pode Lula da Silva explicar a Cravinho e Santos Silva o princípio da separação dos poderes?”.
O que ficou decidido
No dia seguinte, em um telejornal português, Cravinho disse que fez o convite ao presidente brasileiro e que o único dia disponível para ele visitar o parlamento seria o próprio dia 25 de abril, mas que “a Assembleia é soberana” e caberia a ela decidir se Lula iria ou não discursar.
O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, propôs então uma sessão solene separada, possivelmente no mesmo dia, para receber o presidente do Brasil no parlamento.
Lula poderá participar da sessão em homenagem à Revolução dos Cravos, mas nessa ele será apenas mais um dos convidados, sem espaço para discursar.
O presidente brasileiro visitará Lisboa entre os dias 22 e 25 de abril para participar da cúpula bilateral Portugal-Brasil, reunião conjunta dos dois governos.
As lideranças dos dois países também vão estar na entrega a Chico Buarque do Prêmio Camões.
O que foi a Revolução dos Cravos
Mulher passa ao lado de painel com fotos da Revolução dos Cravos durante comemoração em 2014
Francisco Seco/AP
Também conhecido como "Revolução de 25 de Abril", o acontecimento foi uma revolta em 1974 que derrubou a ditadura militar de Portugal, iniciada em 1926 por Antônio de Oliveira Salazar.
Oficiais intermediários do exército, principalmente capitães, organizaram uma revolta e destituíram sem grande resistência o governo ditatorial, dando início a uma transição para a democracia.
A associação com a flor cravo se deve ao fato de que essas flores foram distribuídas aos soldados durante o movimento. Os militares as colocaram nos canos de suas espingardas, criando um símbolo para a revolução.

Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/03/01/entenda-a-polemica-envolvendo-a-visita-de-lula-a-portugal-e-a-sessao-sobre-a-revolucao-dos-cravos-no-parlamento-do-pais-europeu.ghtml
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