A FCDL-RS (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul) analisa de maneira cautelosa a mais recente PMC (Pesquisa Mensal do Comércio) divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (12) e que mostrou um desempenho muito acima do esperado do comércio gaúcho em janeiro deste ano, na comparação com dezembro de 2022, de 5,8% no volume de vendas do varejo restrito, superior até ao indicador nacional, que foi 3,8%.
Também no varejo ampliado, que inclui materiais de construção e veículos, o Estado apresentou crescimento maior do que o País no primeiro mês do ano, 1,6% aqui e 0,2% nacionalmente.
O presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch, mesmo salientando a importância desse indicador positivo, faz a ressalva de que esse não é o cenário apresentado em muitos dos setores do comércio.
“O resultado, de fato, foi inesperado. Parece estar concentrado em setores que exigem pouco crédito, como bens não duráveis e semiduráveis. Mesmo nos combustíveis, que tiveram um incremento de quase 66% nas vendas em janeiro, o resultado pode ter sido fruto da maior circulação das pessoas no período de férias, com viagens que demandam um uso mais expressivo do produto. Certamente que desejamos que essa tendência de crescimento se mantenha ao longo dos demais meses do ano, mas, nesse momento, é preciso ter cautela com um aumento tão elevado após quatro meses de desaceleração das vendas do comércio gaúcho”, destaca Vitor Augusto Koch.
O dirigente lembra, ainda, que mesmo a comparação anual de janeiro/23 com janeiro/22, onde a pesquisa apontou um avanço de 8,5% no varejo restrito e 9,2% no ampliado, deve ser vista com cuidado, pois a base comparativa é fraca, uma vez que no primeiro mês do último ano ainda existiam limitações na circulação das pessoas, tendo em vista o pico da variante ômicron da Covid-19.
“Um outro aspecto importante que pode fundamentar esse resultado positivo do comércio gaúcho em janeiro é a onda de promoções e liquidações realizadas no período em todo o estado. Essas ações de redução de preços em uma época de gastos extras para a maioria da população ajudam a puxar vendas. Os resultados refletem deflação e promoções no caso de vestuário, e inflação menor e renda maior no caso dos supermercados”, sinaliza Vitor Augusto Koch.
Por fim, o presidente da FCDL-RS enfatiza que manter esse nível de crescimento vai ser uma tarefa complicada no restante do ano, uma vez que a economia está em desaceleração, sentindo os efeitos dos juros elevados. Essa tendência de manutenção de uma taxa SELIC alta deve continuar à frente e pode afetar o desempenho do comércio.