14/06/2023 às 09h45min - Atualizada em 14/06/2023 às 09h45min

História de cinema: saiba como 4 crianças colombianas sobreviveram 40 dias perdidas na Amazônia

A liderança de Lesly, 13 anos, e sua “conexão com a natureza” foram cruciais para que ela e seus irmãos, as crianças Soleiny (9), Tien Noriel (5) e Cristin (1) sobrevivessem por 40 dias perdidos na Amazônia colombiana após o avião em que estavam cair em uma área de mata fechada e difícil acesso.
 

Os socorristas destacaram as provisões encontradas no avião acidentado, as frutas colhidas na selva e o conhecimento indígena da floresta como elementos essenciais para o “milagre” dos quatro irmãos.
 

O Ministério colombiano da Defesa fez um reconhecimento especial ao papel da irmã mais velha: “Temos que reconhecê-la não só por sua coragem, mas por sua liderança. Foi graças a ela que os três irmãozinhos puderam sobreviver”.

 

Segundo Henry Guerrero, socorrista da equipe de indígenas que participou das buscas, Lesly teve um papel fundamental na proteção dos irmãos. “A mais velha foi muito inteligente. Percebi quando revisamos o que tinha levado na mala desde que deixaram o avião”, explicou.
 

“A menina levou consigo farinha de mandioca, toalha, uma lanterna que ficou sem pilhas, dois celulares, com os quais acho que se distraíam à noite, uma caixinha de música, uma garrafinha de refrigerante e roupas.


As crianças saíram praticamente ilesas do avião monomotor que caiu em 1º de maio em uma região da Amazônia colombiana quando viajavam com sua mãe, um líder indígena e o piloto. Todos os adultos morreram. A princípio, as crianças ficaram perto dos destroços da aeronave, comendo um pouco de farinha que havia a bordo, contou o general Pedro Sánchez, militar a cargo da operação de buscas.
 

Mas esses insumos foram acabando e elas, após uma instrução dada pela mãe antes de morrer, buscaram um caminho para sair da floresta. Na travessia, elas se alimentaram de pupunha e manga silvestre, frutas próprias da floresta”, acrescentou Sánchez.


Os irmãos pertencem à etnia uitoto, originária da Amazônia. São crianças indígenas que conhecem a floresta e sabem o que comer e o que não comer. “Conseguiram sobreviver graças a isso e à sua força espiritual”, disse à AFP Luis Acosta, que participou das operações de buscas representando a Onic (Organização Nacional Indígena da Colômbia).
 

Sánchez explicou que a origem indígena das crianças facilitou a adaptação delas ao ambiente hostil da selva. “Temos uma conexão particular com a natureza. O mundo precisa dessa relação particular com a natureza, favorecer quem, como os indígenas, vivem na floresta e cuidam dela”, resumiu à AFP Javier Betancourt, outro dirigente da Onic.
 

Quase 200 soldados e exploradores indígenas ajudados por cães farejadores seguiram as pistas deixadas pelas crianças em uma região onde chove 16 horas por dia. Eles percorreram 2.656 km, um espaço equivalente à distância entre Caracas e Quito. “Foi um amálgama espetacular de conhecimento indígena e arte militar”, elogiou o general Sánchez.
 

Por fim, os irmãos foram encontrados a apenas 5 km do avião e quando suas forças começavam a falhar: “A primeira coisa que eles nos disseram é que tinham fome. Queriam comer arroz com leite, queriam comer pão. Somente comer, comer. Estavam desnutridos e fracos. Por isso estavam há quatro dias no mesmo local, onde armaram uma barraca improvisada de um mosquiteiro, e, no chão, uma toalhinha”, acrescentou.
 

Segundo Henry Guerrero, as crianças se mantiveram sempre perto de algum curso de água. Uma garrafinha de refrigerante, oportunamente levada por Lesly na mala, permitiu aos irmãos se abastecerem de água durante o período em que ficaram perdidos. Nos últimos quatro dias, já totalmente exaustos, ficaram no mesmo local, onde foram encontrados em 9 de junho.
 

Em fotos publicadas por veículos locais, eles aparentam estar muito magros. A mais velha tinha um machucado na testa. Ao serem levados para o Hospital Militar Central de Bogotá, o médico atestou que eles estavam “em condições clínicas aceitáveis”, e que receberiam “suporte tradicional e psicológico”.
 

Segundo Adriana Velásquez, vice-diretora do ICBF (Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar), em um vídeo enviado a veículos de comunicação, ela afirma que eles estão muito bem de ânimo após dois dias de cuidados, desenharam e coloriram. “Têm muito boa disposição”, disse Adriana.


Fontes: Portal R7 e Portal ND+.

 


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