23/06/2023 às 11h59min - Atualizada em 24/06/2023 às 06h06min

Vereador líder de esquema criminoso por venda de agrotóxico é alvo de operação

Nesta sexta-feira (23/6), a Polícia Civil, com o apoio da Brigada Militar e da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, deflagrou a Operação Hades 2 visando desmantelar uma célula criminosa envolvida na comercialização de agrotóxicos proibidos no Brasil. Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão nas cidades de Porto Lucena, Porto...

Porto Alegre 24 Horas
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Nesta sexta-feira (23/6), a Polícia Civil, com o apoio da Brigada Militar e da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, deflagrou a Operação Hades 2 visando desmantelar uma célula criminosa envolvida na comercialização de agrotóxicos proibidos no Brasil. Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão nas cidades de Porto Lucena, Porto Xavier, Santa Rosa e Santo Ângelo.

Durante a ação, quatro indivíduos foram presos, e foram apreendidos galões do agrotóxico Paraquat, 21 cabeças de gado ilegais e vinhos estrangeiros.

A operação é resultado de uma investigação em andamento há seis meses, coordenada pela Draco de São Luiz Gonzaga e pelo Departamento de Polícia do Interior (DPI) da Polícia Civil. De acordo com as apurações, a célula criminosa tinha sua sede principal em Porto Lucena, mas também utilizava cidades estratégicas próximas à fronteira com a Argentina para a distribuição e venda dos agrotóxicos ilegais.

O grupo era composto por quatro principais vendedores dos agrotóxicos proibidos, que atuavam diretamente junto a produtores rurais do estado. Além disso, contavam com o apoio logístico de pelo menos três fornecedores, responsáveis pelo armazenamento e ocultação dos produtos em pontos estratégicos na zona rural de Porto Lucena. As investigações revelaram que uma ilha no rio Uruguai, na fronteira com a Argentina, também era utilizada pelo grupo para armazenar os produtos. O local foi alvo de buscas pela polícia. Em apenas alguns meses, a célula criminosa movimentou mais de R$ 500 mil em contas bancárias próprias e de “laranjas”, incluindo familiares próximos.

Segundo o Delegado Heleno Santos, da Draco São Luiz Gonzaga, as provas coletadas durante as investigações indicam que um dos líderes do esquema criminoso é um vereador em um dos municípios alvos da operação. Áudios obtidos sugerem que o vereador realizava a venda dos agrotóxicos proibidos, inclusive durante as sessões legislativas. Durante as apurações, ele foi preso em flagrante transportando 500 litros do agrotóxico Paraquat, avaliados em mais de R$ 50 mil. O herbicida é proibido não apenas no Brasil, mas na maioria dos países produtores agrícolas. O vereador está sendo investigado pela Draco de São Luiz Gonzaga por venda e transporte ilegal de agrotóxicos, associação criminosa e outros crimes. Uma cópia de toda a investigação será encaminhada ao Ministério Público e à Câmara Municipal para análise de possível violação do decoro parlamentar.

A Operação Hades 2 contou com a participação de mais de 90 policiais civis e militares, 13 fiscais e foi realizada com o apoio de 38 viaturas e duas embarcações. A ação é parte da Operação Hórus da Polícia Civil, coordenada pela Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência, da Coordenação-Geral de Fronteiras e Amazônia do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e da Secretaria da Segurança Pública do RS, por meio da Chefia da Polícia Civil, do Departamento de Polícia do Interior (DPI) e do Departamento de Planejamento e Integração da SSP/RS.

O agrotóxico Paraquat, alvo central dessa operação, é um herbicida amplamente utilizado na agricultura devido ao seu baixo custo e alta eficácia no combate às plantas daninhas. No entanto, estudos revelaram sua alta toxicidade, ausência de antídoto e associação com diversas doenças degenerativas, levando à sua proibição em muitos países, incluindo o Brasil a partir de 2017, por decisão da Anvisa.

Atualmente, o Paraquat contrabandeado, geralmente proveniente da China ou Índia, entra ilegalmente no Brasil pelas fronteiras com a Argentina e o Uruguai, já que sua comercialização é proibida no país. Esse comércio ilegal causa prejuízos tanto para empresas nacionais, que enfrentam uma concorrência desleal, quanto para a saúde pública, devido à alta toxicidade desse agrotóxico.

A Operação Hades 2 representa mais um passo no combate a essa prática criminosa, buscando desarticular uma célula que atuava na venda e distribuição desses agrotóxicos proibidos, bem como apreender os produtos e responsabilizar os envolvidos. A ação reafirma o compromisso das autoridades em combater o contrabando e a comercialização ilegal de substâncias perigosas, protegendo a saúde da população e garantindo a justiça no setor agrícola.



Fonte: https://poa24horas.com.br/noticias/2023/06/vereador-lider-de-esquema-criminoso-por-venda-de-agrotoxico-e-alvo-de-operacao/

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