SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Autoridades do estado mexicano de Zacatecas encontraram nesta quarta-feira (27) seis corpos dos adolescentes que haviam sido sequestrados três dias antes nessa região central do país. Um sétimo garoto que também estava desaparecido foi achado com feridas na cabeça e fraturas no nariz.
O sumiço das vítimas, que tinham entre 14 e 18 anos, mobilizou a opinião pública do México, um país que acumula mais de 420 mil mortes e cerca de 100 mil desaparecidos desde o início da polêmica ofensiva militar antidrogas do ex-presidente Felipe Calderón, em dezembro de 2006.
Jorge Alberto René Ocón Acevedo (14), Óscar Ernesto Rojas Alvarado (15), Diego Rodríguez Vidales (17), Héctor Alejandro Saucedo Acevedo (17), Gumaro Santacruz Carrillo (18), Jesús Manuel Rodríguez Robles (18) e Sergio Yobani Acevedo Rodríguez (18) foram levadas por um grupo armado na madrugada do último domingo (24), durante uma festa em uma fazenda da cidade de Villanueva.
Os seis corpos e o sobrevivente, Acevedo Rodríguez, foram encontrados por agentes em um helicóptero durante vistoria "em uma zona de difícil acesso", na área rural do mesmo município. De acordo com o secretário do governo local, Rodrigo Reyes, Acevedo recebe atendimento em um hospital na cidade de Zacatecas, capital do estado, e está "estável", apesar de ter contusões na cabeça e no rosto.
Na manhã desta quinta (28), o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, lamentou o que aconteceu e disse que o jovem ferido está prestando depoimento para ajudar nas investigações. Os motivos do crime ainda são desconhecidos, assim como o nome do grupo armado responsável pelo sequestro.
Desde terça (26), dois homens suspeitos de ter relação com o desaparecimento estão detidos.
Segundo o promotor de Zacatecas, Francisco Murillo, os garotos estavam dormindo, quando, por volta das 4h, membros de um grupo criminoso chegaram em veículos e os levaram. O grupo, formado por três primos, havia passado o dia na fazenda El Potrerito, propriedade dos pais de Héctor Alejandro Saucedo Acevedo.
A promotoria ainda não informou os motivos do caso. No estado, vários cartéis disputam rotas de tráfico de drogas e cobram extorsões, mas o órgão inicialmente descartou que se trate de um recrutamento forçado por parte de grupos criminosos, uma prática que costuma impactar jovens mexicanos.
O caso ocorreu em meio a uma onda de violência.
No início do último agosto, o sequestro de cinco jovens em Lagos de Moreno, no estado de Jalisco, chocou o país pela brutalidade. Na ocasião, foram divulgadas nas redes sociais imagens do cativeiro onde os amigos de infância foram obrigados a torturar uns aos outros. Nenhum deles foi encontrado.
Um mês depois, em 1º de setembro, outras sete pessoas, incluindo membros da comunidade LGBTQIA+, também desapareceram de um centro de reabilitação no estado de Guerrero, no sul.
Nesta semana, o clima de insegurança se intensificou em várias regiões do país. Na quarta-feira (27), grupos armados bloquearam várias estradas no estado de Nuevo León, na fronteira com os Estados Unidos, e incendiaram veículos. No dia anterior, pelo menos sete corpos desmembrados foram encontrados em diferentes pontos da cidade de Monterrey, capital mais industrializada do México.
Por fim, no último fim de semana, em Chiapas, no sul, um desfile inédito de membros do Cartel de Sinaloa, que disputa com o Cartel Jalisco Nova Geração o controle de populações fronteiriças com a Guatemala, gerou indignação.
"Estamos em estado de sítio, em psicose social, com narcobloqueios que usam a sociedade civil como barreira humana", afirmou a Diocese de San Cristóbal de las Casas, em Chiapas, num comunicado divulgado no sábado (23).
Créditos: Portal R7.