SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Rebeldes aliados do Irã no Iêmen dispararam dois mísseis balísticos na direção de um navio de guerra americano no mar Vermelho na madrugada desta segunda (27). Eles caíram a cerca de 10 milhas náuticas, ou 18,5 km, do destróier USS Mason.
Foi o mais sério incidente envolvendo um dos navios enviados pelos Estados Unidos para dissuadir o Irã e seus aliados regionais, como os houthis do Iêmen e o Hezbollah libanês, de entrarem na guerra ora em cessar-fogo temporário ao lado do Hamas palestino.
O Mason havia atendido o pedido de socorro de um navio-tanque de bandeira liberiana que, segundo a imprensa de Israel, pertence a um empresário do país. O M/V Central Park rumava para o mar da Arábia, no golfo de Aden, quando foi abordado por cinco piratas armados em um bote.
O Centcom (Comando Central das Forças Armadas dos EUA) afirmou que o navio havia emitido 59 pedidos para três navios chineses, que integram a força-tarefa multinacional contra pirataria na região, sem sucesso. Pequim não comentou. O Central Park tem uma tripulação de 22 homens e transporta ácido fosfórico.
A chegada do destróier americano fez com que os piratas, identificados como somalis, fugissem na noite do domingo (26). Eles foram capturados pelos americanos e presos. Pouco depois, à 1h41 desta segunda no horário local (19h41 em Brasília), os dois mísseis atingiram as águas "na direção geral dos dois navios", segundo o publicou o Centcom no X (ex-Twitter).
"Não houve danos ou ferimentos reportados pelas duas embarcações no incidente", afirmou o Departamento de Defesa nesta segunda. A abordagem contra os piratas contou com o apoio de pelo menos um navio japonês da força-tarefa internacional, mas ele não estava mais no local quando o ataque ocorreu.
O episódio é o mais recente numa série. Os houthis declararam ter entrado na guerra ao lado do Hamas, fazendo uso de seu arsenal de drones e mísseis de origem iraniana que opera. Suas capacidades estão longe de serem desprezíveis.
A região que eles controlam no Iêmen, onde travam guerra civil contra o governo local desde 2014, fica a 1.500 km de Israel, e ainda assim eles têm atacado Eilat, a cidade mais importante no sul israelense. Já foram interceptados pela defesa aérea do Estado judeu mísseis de cruzeiro e drones.
No mar Vermelho, coalhado de navios de várias nacionalidades e piratas, o cenário fica conturbado. Em duas ocasiões, destróieres americanos na região abateram mísseis e drones houthis que rumavam a Israel, mas nunca tinham tido um navio sob fogo.
Não se sabe se os rebeldes erraram feio o alvo ou se quiseram fazer uma demonstração de força. O Centcom não detalhou o tipo de míssil usado, apenas afirmou que era balístico, ou seja, que tem a trajetória pré-determinada. Os houthis têm a seu dispor alguns modelos modificados do Irã para uso contra navios, com alcance de até 450 km.
A última vez que a Marinha americana perdeu um navio em combate, descontando casos em que atingiram minas na Guerra da Coreia, foi nos estertores da Segunda Guerra Mundial, em 1945. No começo do mês, os houthis abateram um drone americano no mar Vermelho.
Na sexta (24), um navio israelense com contênieres também foi atacado, provavelmente por houthis, já no oceano Índico. No domingo retrasado (19), o M/S Galaxy Leader, um navio de transporte de automóveis que estava descarregado, foi sequestrado em uma ação ousada dos houthis, que envolveu o desembarque de um comando por helicóptero.
O navio, operado por uma empresa japonesa mas de propriedade atribuída a um israelense, foi atacado no mar Vermelho e levado para o porto de Al Hudaydah, no Iêmen, onde sua tripulação de 25 marinheiros está sob guarda dos rebeldes.
O USS Mason faz parte do grupo de porta-aviões liderado pelo USS Dwight Eisenhower, o segundo enviado por Washington para apoiar Israel na guerra. O navio principal está operando próximo do golfo Pérsico, tendo todo o território do Irã coberto por seus caças e mísseis das embarcações de apoio.
Outro grupo de porta-aviões, liderado pelo USS Gerald Ford, maior navio de guerra do mundo, está no Mediterrâneo, ameaçando diretamente o Hezbollah -que, ao contrário dos houthis, aderiu à trégua do Hamas com Israel.
Créditos: Portal R7.