Os temporais que atingiram o Rio Grande Grande do Sul entre a madrugada e o início da manhã dessa sexta-feira (29) deixaram quase 240 mil clientes da RGE e da CEEE Equatorial sem energia elétrica.
Na área de concessão da primeira empresa, 212 mil pontos ficaram sem luz, principalmente nas regiões Norte, das Missões e Metropolitana.
Entre os clientes da CEEE Equatorial, 24 mil tiveram o fornecimento de energia interrompido, principalmente na Região Metropolitana e no Sul do Estado.
As fortes chuvas e os ventos provocaram alagamentos e estragos no interior do Estado e em Porto Alegre.
Capital
A prefeitura de Porto Alegre informou que as suas equipes estiveram mobilizadas para o atendimento à população devido à chuva que cai desde a madrugada desta sexta na cidade. Não há registro de ocorrências graves, conforme a Defesa Civil.
A precipitação acumulada da 0h às 8h totalizou 31 milímetros, segundo a estação do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) no Jardim Botânico. Algumas ruas e avenidas tiveram alagamentos.
Também foram registradas, durante a madrugada, rajadas de vento de 30 km/h, conforme a Climatempo. A chuva e o vento deixaram semáforos fora de operação na Capital.
A queda de uma árvore na avenida Pinheiro Borda, na altura do número 423, na Zona Sul, provocou bloqueio parcial do trânsito, segundo a EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação).
Na Estação de Tratamento de Água Belém Novo, houve falta de energia por duas horas. O abastecimento não foi comprometido porque os reservatórios estão cheios, de acordo com a prefeitura.
Ano chuvoso
Foi um ano de muita chuva na capital dos gaúchos. As estatísticas mantidas pelo Oitavo Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia desde 1916 mostram que Porto Alegre tem em 2023 o terceiro ano com os maiores volumes de chuva e o mais chuvoso em 51 anos.
De acordo com os dados oficiais, até 9h de quinta-feira (28), a capital gaúcha somava no ano 1.914,6 mm. O valor somente é superado na série histórica pelos 1.984,6 mm de 1972 e os 2.099,5 mm de 1941.
Embora 2023 passe a ocupar o terceiro lugar do ranking dos anos mais chuvosos, nem todo o ano teve excesso de chuva. Grande parte do volume ocorreu no segundo semestre de 2023. O acumulado entre 1º de julho e 28 de dezembro na estação do bairro Jardim Botânico foi de 1.248,7 mm, ou seja, 65% do que choveu no ano.
A chuva acumulada nos primeiros quatro meses de 2023, quando o clima ainda estava sob a influência do fenômeno La Niña, atingiu 296,3 mm na estação da zona Leste de Porto Alegre. É menos do que choveu em novembro, o segundo mês que mais teve chuva em 2023 na cidade, quando se precipitaram 325,1 mm. Foi o novembro mais chuvoso desde o começo dos registros há mais de um século, superando o recorde mensal anterior de 287,6 mm, de 2009.
Setembro sozinho respondeu por quase um quarto da chuva do ano inteiro. Porto Alegre teve não apenas o setembro mais chuvoso já observado na cidade, mas o mês mais chuvoso de toda a série histórica que se iniciou em 1910. Com 447,3 mm, setembro de 2023 se tornou o mês mais chuvoso já registrado na capital, superando os 405,5 mm de maio de 1941, 403,6 mm de junho de 1944 e abril de 1941 com 386,6 mm.
O grande responsável pelo ano excepcionalmente chuvoso foi o fenômeno El Niño, diz a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia. “O El Niño foi declarado em junho e seus efeitos na precipitação são maiores na primavera, que neste ano foi incrivelmente chuvosa em Porto Alegre”, explica.
“Tanto 1941, em seu primeiro semestre, como 1972, no segundo semestre, foram anos de muito forte El Niño ou Super El Niño. Assim, os extremos de chuva de 2023, ano também de forte a muito forte El Niño no segundo semestre, são uma repetição de um padrão que já se viu no passado”, observa Estael.
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul