Na terça-feira, 26, o grupo estatal Gazprom anunciou a suspensão do gás russo para Polônia e Bulgária, dois países da Organização do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia. Essa decisão provocou um receio no restante da comunidade europeia referente a escassez deste combustível, a qual são dependentes. Entretanto, representantes da UE já disseram que estão preparados para a eventual interrupção do gás russo e elabora uma resposta coordenada. A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, mandou um recado para os europeus dizendo que eles “podem ter certeza de que estamos unidos e somos solidários com os Estados-membros afetados”.
Esse temor de alguns países está relacionado ao fato de que a Europa é dependente do gás russo. Só em 2021, a Rússia forneceu 32% da demanda global de gás da UE e Reino Unido, um aumento de 25% na comparação com 2009, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). A dependência varia de acordo com os países. Enquanto a Finlândia recebe 97,6% de seu gás da Rússia, segundo a agência Eurostat, os países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) anunciaram este mês que cortaram os vínculos com Moscou e se abasteceriam com reservas armazenadas no subsolo. Alvo da decisão da Gazprom, a Bulgária depende em 85% do gás russo, mesmo nível da Eslováquia. E a Alemanha, principal economia europeia, depende em 55%, mas o governo garante que “o fornecimento está atualmente garantido”.
Após a suspensão, a Ucrânia afirmou que a Europa deveria parar de depender da Rússia para o comércio após Moscou interromper o fornecimento de gás à Bulgária e à Polônia. “Quanto mais cedo a Europa reconhecer que não pode depender da Rússia para o comércio, mais cedo será possível garantir estabilidade nos mercados europeus”, disse o presidente ucraniano, Zelensky. Embora a presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, tenha dito que a decisão da Gazprom era “mais uma tentativa da Rússia de usar gás como instrumento de chantagem”, embaixadores de Estados-membros da UE pediram que houvesse uma orientação mais clara se o envio de euros violaria as sanções.
Em resposta a UE, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia continuava sendo uma fornecedora confiável de energia e se recusou a dizer quantos países concordaram em mudar o pagamento por gás para rublos, mas outros clientes europeus disseram que os fornecimentos estavam fluindo normalmente. A decisão russa foi tomada no momento em que a própria economia da Rússia sofre com sanções, e enquanto países ocidentais enviam mais armas a Kiev, apesar dos alerta do Kremlin para recuarem. A razão que fez com que Putin deixasse de enviar gás para russo é o fato de países da União Europeia, incluindo França, Alemanha e Polônia, terem se recusado a pagar pelo produto em rublos – no final de março, o líder da Rússia informou que não aceitaria mais pagamentos em moedas que não sejam de seu país, medida que veio em resposta às sanções econômicas ocidentais contra Moscou.
O site da Gazprom Export, apresentou os resultados de quanto o gás russo representa para o orçamento russo e informou que 68% das exportações do grupo em 2020 tiveram a Europa como destino. De um total de 174,9 bilhões de metros cúbicos de exportações, 119,35 bilhões foram destinados à Europa, incluindo 49 bilhões para a Alemanha, quase 21 bilhões para Itália e mais de 13 bilhões à Áustria. A AIE afirmou que 45% do orçamento federal russo em janeiro procedia dos impostos sobre o gás e o petróleo e das tarifas sobre a exportação. “Considerando os atuais preços de mercado, o valor das exportações de gás da Rússia para a União Europeia alcança 400 milhões de dólares por dia”, destaca a agência.
*Com informações da AFP
Fonte: https://jovempan.com.br/noticias/mundo/entenda-o-que-significa-o-corte-de-gas-russo-para-a-europa.html