SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um juiz de Nova York negou nesta quinta-feira (15) o pedido de Donald Trump para arquivar as acusações criminais contra ele decorrentes do pagamento de dinheiro para silenciar uma estrela pornô, abrindo caminho para o primeiro julgamento criminal de um ex-presidente dos Estados Unidos.
O juiz Juan Merchan marcou a data do julgamento para 25 de março. Trata-se de um dos quatro processos criminais que Trump enfrenta enquanto busca a indicação do Partido Republicano para desafiar o presidente democrata Joe Biden nas eleições americanas em 5 de novembro.
"Há muitos aspectos a considerar", disse nesta quinta o juiz ao rejeitar os pedidos da defesa de Trump para adiar o início do julgamento, que acontecerá em plena campanha eleitoral para a Casa Branca.
Trump, 77, havia pedido a Merchan para rejeitar as acusações de 34 crimes, segundo as quais ele teria falsificado registros comerciais para encobrir o pagamento de US$ 130 mil à atriz pornô Stormy Daniels antes das eleições de 2016.
Mas o juiz levou menos de dez minutos para negar seu pedido e confirmar a data do julgamento. Antes da audiência desta quinta, Trump repetiu suas alegações de que o caso é politicamente motivado.
"Eles não teriam trazido isso, exceto pelo fato -de jeito nenhum- exceto pelo fato de que estou concorrendo à Presidência e indo bem", disse Trump em um corredor fora da sala do tribunal.
Trump se declara inocente das acusações feitas pelo procurador do distrito de Manhattan, Alvin Bragg, um democrata. Um punhado de manifestantes segurava cartazes denunciando Trump e gritava "sem ditadores nos EUA" do lado de fora do tribunal.
O julgamento está marcado para começar antes de outros três casos criminais que Trump enfrenta. Até lá, Trump pode ter efetivamente garantido a indicação republicana para ser o candidato do partido nas eleições presidenciais. O empresário venceu as quatro primeiras disputas de indicação estadual, e pesquisas de opinião mostram que ele tem uma ampla vantagem sobre sua única concorrente, Nikki Haley.
Trump tem usado suas frequentes aparições no tribunal para ajudar a arrecadar dinheiro à sua campanha presidencial, embora a estratégia esteja tendo retornos decrescentes depois de ele ter angariado milhões em suas primeiras audiências, no ano passado.
Em uma audiência separada nesta quinta, os advogados de Trump deveriam pedir a um juiz da Geórgia que desqualifique a promotora que acusou Trump de crimes relacionados a tentativas de reverter sua derrota nas eleições de 2020 no estado. A promotora, Fani Willis, admitiu ter um relacionamento romântico com um advogado da equipe do republicano.
Trump também enfrenta acusações federais em Washington por seus esforços para reverter sua derrota eleitoral e na Flórida por sua manipulação de documentos sigilosos. O republicano se declara inocente em todos os casos.
O advogado de Trump, Todd Blanche, pressionou o juiz de Manhattan a reconsiderar sua decisão de realizar o julgamento em 25 de março, citando problemas de agendamento com os outros casos. "É completamente interferência eleitoral dizer que você vai sentar nesta sala de audiências em Manhattan quando não há motivo para isso", disse Blanche. "Ele não vai estar em mais de um julgamento criminal ao mesmo tempo."
"Por favor, pare de me interromper", respondeu o magistrado.
O caso gira em torno do pagamento de US$ 130 mil feito pelo ex-advogado de Trump, Michael Cohen, a Daniels -cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford- para impedi-la de falar publicamente antes das eleições de 2016 sobre um encontro sexual que ela disse ter tido com Trump uma década antes.
Trump negou que isso tenha ocorrido. Cohen se declarou culpado em 2018 por violar as leis federais de financiamento de campanha.
Créditos: Portal R7.