Após sofrer sanções dos países ocidentais em decorrência do conflito com a Ucrânia que acontece desde o dia 24 de fevereiro, o presidente russo, Vladimir Putin, informou nesta quarta-feira, 22, que quer reforças os vínculos entre os países do chamado grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul). A Rússia está “redirecionando ativamente seus fluxos comerciais e contatos econômicos estrangeiros para parceiros internacionais confiáveis, especialmente os países do BRICS”, disse o presidente russo aos participantes do fórum econômico do bloco, na véspera de uma cúpula telemática desses países.
“As negociações estão em andamento para abrir lojas da rede indiana na Rússia e aumentar a participação de carros chineses no mercado russo”, destacou e informou que “as entregas de petróleo russo para China e Índia estão aumentando” e “a cooperação agrícola está se desenvolvendo de forma dinâmica” assim como a exportação de fertilizantes russos para os países do grupo, segundo o presidente russo. O chefe de Estado voltou a condenar as sanções impostas a ele e seu país dizendo que elas contradizem “o bom senso e a lógica econômica elementar” e que “os empresários são obrigados a desenvolver suas atividades em condições difíceis, já que os sócios ocidentais omitem os princípios de base da economia de mercado, do comércio livre”. Putin também informou que a Rússia também quer trabalhar com seus parceiros “mecanismos alternativos de transferência internacional” e uma “moeda de reserva internacional” para reduzir a dependência do dólar e do euro. Isso seria possível por meio do Sistema Russo de Mensagens Financneiras (SPFS, na sigla em inglês). A rede atuaria como uma alternativa para o Swift, do qual os bancos russos foram suspensos depois da invasão à Ucrânia.
O presidente chinês, Xi Jinping, que também participou do fórum, seguiu os passos de Putin e criticou as sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia à Rússia, assegurando que “as sanções são um bumerangue e uma faca de dois gumes”. O bloco BRICS de economias emergentes, criado em 2009, reúne 40% da população global e representa quase um quarto do PIB mundial. Três de seus membros – China, Índia e África do Sul – se abstiveram de votar uma resolução para condenar a invasão russa da Ucrânia. A China e a Índia têm fortes laços militares com a Rússia e compram quantidades significativas de petróleo e gás, e a há uma semana Xi expressou seu apoio a questões de “soberania e segurança” em uma ligação com o russo Vladimir Putin, levando os Estados Unidos a pedir a Pequim que evite se colocar no “lado errado da história”.