Cientistas do Caribe descobriram o que pode ser a maior bactéria já encontrada no mundo. Chamada de Thiomargarita magnifica, o ser vivo pode ser visto a olho nu e chega a ser 4,5 mil vezes maior do que outras espécies similares. O que possibilita essa mudança de tamanho tão destoante, de acordo com artigo publicado na revista Science, é seu enorme genoma que não está disperso – como é o caso de outras bactérias. No seu caso, ele está envolto em membranas e o caso assemelha-se a células de organismos mais complexos. Encontrada nos mangues de Guadalupe, a bactéria de vida livre não tem potencial para causar doenças e acometer seres humanos. Sua descoberta, porém, pode auxiliar cientistas a entender determinados processos na escala evolutiva e que podem ser aplicados a microorganismos.
João Carlos Setubal, do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, explicou ao Jornal da USP o que torna essa descoberta tão importante. “A diferença entre os procariontes, classe de organismos que inclui as bactérias, e os eucariontes, que compõem a maior parte dos seres vivos na Terra, incluindo os humanos, é que as células eucariontes possuem um núcleo com uma membrana que separa o DNA do resto da célula. Essa nova bactéria apresentou essas organelas, uma das quais contém DNA, o que é inédito. Estima-se que os eucariontes surgiram na Terra há bilhões de anos. Essa bactéria nova está viva hoje em dia. Então é óbvio que ela não é o elo perdido entre procariotos e os primeiros eucariotos, mas é possível que ela seja similar estruturalmente a esses seres precursores e logo, seu estudo pode proporcionar reavaliações que levem a uma compreensão melhor desse processo biológico”, argumentou.