A Rússia retirou nesta quinta-feira, 30, suas tropas da Ilha das Serpentes, um ponto estratégico no Mar Negro e uma vitória para a Ucrânia em meio a guerra que já chega ao seu quinto mês. Essa conquista pode aliviar um bloqueio russo à exportação de grãos que ameaça agravar a fome mundial e melhorar a economia ucraniana, uma das maiores produtoras de grãos do mundo. “Não há mais tropas russas na Ilha das Serpentes. Nossas Forças Armadas fizeram um ótimo trabalho”, afirmou Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no Twitter. “O inimigo retirou às pressas o restante da guarnição com duas lanchas e provavelmente deixou a ilha. No momento, a Ilha das Serpentes é consumida pelo fogo e explosões”, publicou o comando militar do sul da Ucrânia em seu Facebook.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que decidiu se retirar como um “gesto de boa vontade” que mostra que Moscou não está obstruindo os esforços da Organização das Nações Unidas (ONU) para abrir um corredor humanitário que permite o embarque de grãos a partir dos portos da Ucrânia. Vladimir Putin já havia informado no começo do mês que estava disposto a contribuir para que a fome mundial não acontecesse, entretanto, algumas exigências foram solicitadas a Ucrânia, como a eliminação das minas espalhadas pelos portos comerciais. “Em 30 de junho, em sinal de boa vontade, as Forças Armadas russas cumpriram os objetivos fixados na Ilha das Serpentes e retiraram sua guarnição do local”, afirmou o porta-voz do ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, antes de acrescentar que a medida pretende facilitar as exportações de grãos da Ucrânia. Konashenkov acrescentou que “a bola está do lado da Ucrânia” e acusou o país de não retirar as minas de sua costa do Mar Negro.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, celebrou a retirada das tropas russas da Ilha das serpentes. “Nós já vimos o que a Ucrânia pode fazer para provocar o recuo dos russos”, declarou. “No final se mostrará impossível para Putin controlar um país que não aceita seu domínio”, disse Johnson em entrevista coletiva após a reunião de cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Madri, ao mesmo tempo que destacou a unidade da Aliança contra a Rússia. “Vimos o que eles fizeram em Kiev e Kharkiv, agora na Ilha das Serpentes. Acho que a coisa certa é continuar seguindo o curso que a Otan traçou, não importa a dificuldade”, concluiu.
A Rússia capturou a Ilha das Serpentes no primeiro dia da guerra, quando um guarda ucraniano ordenado pelo cruzador russo Moskva a se render, respondeu pelo rádio “Navio de guerra russo: vá se f.”. Esse incidente foi imortalizado em um selo postal ucraniano. No dia em que o selo foi emitido, a Ucrânia afundou o navio, o carro-chefe da frota russa do Mar Negro. No mês passado, o Ministério da Defesa britânico disse que, se a Rússia fosse capaz de consolidar seu domínio sobre a Ilha da Serpente com mísseis de cruzeiro de defesa costeira e defesa aérea, poderia dominar o noroeste do Mar Negro. A Rússia defendia a ilha desde fevereiro, apesar de a Ucrânia alegar cada vez mais causar danos graves, afundando navios de abastecimento e destruindo fortificações russas.
*Com informações da AFP e Reuters