Após a renúncia de Boris Johnson, realizada nesta quinta-feira, 7, em decorrência dos escândalos que acompanham o seu governo, o Reino Unido vai precisa eleger um novo primeiro-ministro. Alguns nomes já vinham sendo cotados desde terça-feira, quando começaram as demissões – mais da metade dos ministros de Johnson e mais de 20 outros funcionários de alto escalão abriram mão do cargo após o premiê nomear Chris Pincher a um cargo importante. O ex-secretário parlamentar foi acusado e admitiu ter assediado dois homens, incluindo um deputado.
Esse foi o ponto-chave que fez com que os apoiadores de Johnson deixassem de confiar nele e escancarasse uma crise no governo britânico. Mesmo com a renúncia, o premiê, que estava há três anos no poder, ficará no cargo até que um novo primeiro-ministro seja definido pelo Partido Conservador, que indicará um substituto que deverá ser aprovado pela Rainha Elizabeth II. Vários nomes, sendo 7 deles os prováveis, são cotados para substituir Johnson. Confira.
Ben Wallace
O ministro da Defesa, de 52 anos, é mais popular que nunca após a ajuda à Ucrânia devido à invasão russa. Embora sempre tenha negado interesse em assumir a liderança do Partido Conservador, os integrantes da formação o consideram uma pessoa franca e capaz. De acordo com uma pesquisa do instituto YouGov, realizada entre membros do Partido Conservador e publicada nesta quinta, Wallace, à frente do ministério da Defesa desde 2019, venceria os rivais na disputa para a escolha de um novo líder da formação, que automaticamente vira o primeiro-ministro.
Penny Mordaunt
Ex-ministra da Defesa e atual secretária de Estado do Comércio Exterior, Penny Mordaunt, de 49 anos, foi uma das figuras da campanha a favor do Brexit em 2016 e desde então trabalha nas negociações de acordos comerciais para o Reino Unido. Considerada uma boa oradora, estima-se que possa ser uma candidata de unidade, capaz de obter apoio de diferentes alas do Partido Conservador. De acordo com a pesquisa YouGov, ela estaria na segunda posição entre os favoritos para liderar o Partido Conservador, atrás apenas de Wallace.
Rishi Sunak
O ex-ministro das Finanças, Rishi Sunak, o primeiro hindu a ocupar o cargo, foi um dos dois ministros de grande destaque que pediu demissão na terça-feira e iniciou a crise política. Ele já chegou a ser considerado o grande favorito para suceder Johnson, mas perdeu a legitimidade após uma série de escândalos. Os casos giravam em torno do status fiscal vantajoso de sua esposa bilionária indiana, que lhe permitia evitar o pagamento de milhões em impostos no Reino Unido, e a autorização de residência nos EUA que Sunak tinha até o ano passado.
Ex-analista do banco Goldman Sachs e funcionário de um fundo especulativo, casado com a filha de um magnata indiano, Sunak, cujos avós emigraram do norte da Índia para o Reino Unido na década de 1960, acumulou uma fortuna pessoal substancial antes de se tornar um deputado em 2015. Defensor do Brexit, de 42 anos, foi nomeado ministro das Finanças em 2020, um cargo importante em meio à pandemia, mas foi criticado por fazer muito pouco para combater a sufocante crise do custo de vida.
Jeremy Hunt
Ex-ministro de Relações Exteriores e Saúde, Jeremy Hunt, de 55 anos, perdeu para Boris Johnson a liderança conservadora de 2019, quando se apresentou como a alternativa “séria”. Desde então, ele se prepara para concorrer novamente, construindo apoios e ficando fora do governo Johnson. Colega de Johnson e do ex-primeiro-ministro conservador David Cameron na Universidade de Oxford, Hunt, que foi professor de inglês no Japão e é fluente em japonês, é presidente do Comitê Parlamentar de Saúde. Ele tem uma imagem de “cara legal”, embora alguns o considerem sem carisma.
Liz Truss
Sem meias palavras e muito crítica aos movimentos de protesto “woke”, a ministra das Relações Exteriores, Liz Truss, tornou-se muito popular nas bases do Partido Conservador. Esta mulher de 46 anos, que por uma década trabalhou nos setores de energia e telecomunicações, foi nomeada chefe da diplomacia como recompensa por seu trabalho como ministra do Comércio Internacional durante a saída britânica da União Europeia. Nessa posição, a grande defensora do livre comércio que votou pela permanência na UE antes de mudar de lado conseguiu fechar uma série de importantes acordos comerciais pós-Brexit.
Sajid Javid
O ministro da Saúde, Sajid Javid, foi o outro peso pesado do governo e do Partido Conservador que renunciou na terça-feira em protesto contra o primeiro-ministro. Filho de um motorista de ônibus imigrante paquistanês, foi um renomado banqueiro antes de se tornar ministro das Finanças de Johnson. Ele renunciou em 2020 e voltou ao governo um ano depois. Javid, de 52 anos, votou em 2016 para permanecer na UE pelos benefícios econômicos, mas depois se juntou à causa do Brexit.
Priti Patel
A ministra do Interior, Priti Patel, de 50 anos, é a mais conservadora das ministras de Johnson. Firme defensora do Brexit, ela também votou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Nasceu em Londres em uma família ugandense-indiana e adotou uma linha muito dura em relação à imigração. Apesar de suas promessas, o número de migrantes que chegam ilegalmente através do Canal da Mancha está atualmente em níveis recordes. Grande admiradora da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher e acusada de assédio moral por seus colaboradores no local de trabalho, Patel trabalhou em relações públicas antes de entrar na política.
Apesar desses nomes aparecendo como favoritos, ninguém se apresentou oficialmente para assumir o cargo de Johnson, entretanto, uma pesquisa YouGov, o ministro da Defesa, Ben Wallace venceria outros potenciais candidatos. Ele aparece seguido de Penny Mordaunt. O processo de nomeação do novo primeiro-ministro começa com os deputados que expressam suas preferências entre todos os candidatos em uma série de votações secretas até que restem apenas dois. São os membros do partido que decidem entre os finalistas, que realizam uma campanha de várias semanas em todo Reino Unido.
Entretanto, o processo pode ser mais rápido, mas é preciso que algum candidato desista, como aconteceu com Theresa May, que antecedeu Boris Johnson em Downing Street, que se tornou líder do partido sem a necessidade de voto dos filiados, após a desistência de sua rival Andrea Leadsom. O vencedor precisa ser aprovador pela rainha Elizabeth II que, quando não há desistência, escolhe a pessoa com maior probabilidade de ganhar a confiança da Câmara dos Comuns, geralmente o líder do principal partido político. Nesse caso, são os conservadores que têm maioria absoluta na Câmara dos Comuns desde sua triunfante vitória em dezembro de 2019.
*Com informações da AFP