Manifestantes do Sri Lanka, que desde sábado, 9, tomam conta do palácio presidencial, encontraram no local 17,85 milhões de rupias (R$ 262 mil) em cédulas novas e entregaram a quantia à polícia nesta segunda-feira, 11. “A polícia recebeu o dinheiro em espécie e o entregará à justiça”, afirmou um porta-voz da força de segurança. Segundo fontes oficiais, também foi encontrado uma mala repleta de documentos. O Sri Lanka, um país localizado na costa sul da Índia, enfrenta uma crise política e econômica sem precedentes, que os manifestantes atribuem ao governo do presidente Gotabaya Rajapaksa. No sábado, centenas de milhares de pessoas se reuniram na capital, Colombo, para exigir que Rajapaksa assuma a responsabilidade pela escassez de remédios, alimentos e combustíveis, cenário que levou um país relativamente próspero ao cenário de caos, e que renuncie ao cargo. Segundo o chefe do Parlamento, o presidente informou que vai deixar a presidência na quarta-feira, 13.
O presidente, de 73 anos, nãoe stava no local na hora da invasão. Ele conseguiu escapar por uma saída lateral e foi levado em uma embarcação militar para uma base no nordeste da ilha, informaram fontes oficiais. O primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, também de 73 anos, se tornaria automaticamente presidente interino em caso de renúncia de Rajapaksa, mas afirmou que deixará o cargo se não existir consenso para a formação de um governo de unidade. Com a renúncia do presidente, o país vai precisar de um sucessor. O processo para sucessão deve durar entre três dias, prazo mínimo para reunir o Parlamento, e 30, o máximo autorizado pela legislação.
Alguns candidatos já tem se movimentado para conseguir chegar ao poder. O principal partido de oposição, Samagi Jana Balavegaya (SJB), negociava nesta segunda com formações menores para conseguir o apoio necessário a seu líder Sajith Premadasa. De acordo com um dirigente do SJB, um acordo provisório foi alcançado com os dissidentes do partido SLPP de Rajapaksa para respaldar Premadasa, de 55 anos e filho de um ex-presidente, como novo chefe de Estado. O cargo de primeiro-ministro corresponderia a um integrante do SLPP. Entretanto, um outro nome também aparece como favorito. Dullas Alahapperuma, o ex-aliado de Rajapaksa, está entre os cotados para vencer, informou um deputado do SJB.
Crise sem precedentes
A crise, com uma dimensão sem precedentes desde a independência do país em 1948, é atribuída à pandemia de Covid-19, que privou a ilha da Ásia meridional das divisas do setor turístico, e foi agravada por uma série de péssimas decisões políticas, segundo os economistas. A ONU pediu calma às autoridades e ao governo do Sri Lanka. Em maio, nove pessoas morreram e centenas ficaram feridas durante os distúrbios no país. Em abril, o Sri Lanka declarou a moratória da dívida externa de 51 bilhões de dólares e iniciou negociações para um plano de ajuda do Fundo Monetário Internacional.
*Com informações da AFP