Em todo o mundo, após dois anos de pandemia, foi registrada a maior queda contínua nas vacinações infantis dos últimos 30 anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Dados divulgados nesta sexta-feira, 15, mostram que 25 milhões de crianças estão com as vacinas atrasadas. O Brasil está entre os dez países no mundo com a maior quantidade de crianças com a vacinação atrasada.
O Brasil está entre os dez países com mais crianças que não estão em dia com o calendário vacinal. No país, três em cada dez crianças não receberam vacinas necessárias. Isso significa que 70,4% das crianças receberam ao menos a primeira dose da DTP, ou pentavalente, ou seja, aproximadamente 700 mil crianças não receberam nenhuma dose da vacina. “A preocupação é muito real porque as coberturas vacinais não têm aumentado e tem um sério risco de volta de doenças que tinham sido eliminadas ou que eram raridade”, diz a oficial de Saúde do Unicef no Brasil Stephanie Amaral. Segundo Stephanie, um dos motivos para a não vacinação é a falsa percepção de que estamos livres de determinada doença porque são doenças que não aparecem mais, como a poliomielite, ou paralisia infantil, e a coqueluche. “Existe a falsa percepção que a vacina não é necessária, mas é o contrário. Muitas doenças não são vistas e a mortalidade infantil melhorou por causa da vacinação”.
No Brasil, a primeira dose da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, caiu de 93,1% em 2019 para 71,49% em 2021, o que indica que também cerca de 700 mil crianças não receberam essa vacina. No mundo, a cobertura da primeira dose da vacina contra o sarampo caiu para 81% em 2021, também o nível mais baixo desde 2008. Isso significa que 24,7 milhões de crianças perderam a primeira dose dessa vacina em 2021, 5,3 milhões a mais do que em 2019. Outros 14,7 milhões não receberam a segunda dose necessária. Além disso, em comparação com 2019, mais 6,7 milhões de crianças perderam a terceira dose da vacina contra a poliomielite e 3,5 milhões perderam a primeira dose da vacina contra o HPV, que protege as meninas contra o câncer do colo do útero mais tarde na vida. Mais de um quarto da cobertura de vacinas contra o HPV que foi alcançada em 2019 foi perdida. Isso, de acordo com as organizações internacionais, tem graves consequências para a saúde de mulheres e meninas.
A queda na vacinação infantil deve-se, de acordo com o estudo, a muitos fatores, incluindo um número crescente de crianças que vivem em ambientes de conflito e de vulnerabilidade, onde o acesso à imunização é muitas vezes desafiador. As organizações apontam ainda como motivos para a queda, o aumento da desinformação e desafios relacionados à covid-19, como interrupções de serviços e da cadeia de suprimentos, desvio de recursos para resposta à pandemia e medidas de prevenção que limitavam o acesso e a disponibilidade do serviço de imunização.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Fonte: https://jovempan.com.br/noticias/mundo/oms-vacinacao-infantil-tem-a-maior-queda-dos-ultimos-30-anos.html