Após a renúncia da ministra da Economia Silvina Bartakis, o governo da Argentina anunciou um novo ‘superministro’ e aumentou a taxa básica de juros em 8%, elevando para 60%. O nome escolhido foi o de Sergio Massa, presidente da Câmara dos Deputados. Ele não será apenas ministro da Economia, mas será também ministro da Produção e da Pesca. Os argentinos foram às ruas na quinta-feira (28), para protestar contra a crise socioeconômica no país. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, desta sexta-feira, 29, o economista Roberto Luis Troster falou sobre a crise no país vizinho, dizendo que o os argentinos enfrentam três crises ao mesmo tempo. “São três crises juntas: uma crise política, um governo com baixa legitimidade que está colocando um ministro de Economia que foi candidato a presidente e tem ambições presidenciais. Além do problema político, tem o problema social. A pobreza cria um demanda de gastos sociais muito grandes. E tem o problema econômico, que está, por um lado, no mercado financeiro. Na Argentina, você trabalha com três moedas diferentes: o peso, o dólar oficial e outros dólares. Estão querendo segurar a saída de dólares e aumentar a entrada. O agronegócio, por exemplo, que é o grande contribuinte de dólares, o que que ele faz? Segura as exportações para poder esperar que o dólar suba mais ainda. O novo ministro subiu as tarifas de transporte, disse que ia cortar gastos. Tem que esperar para ver se ele vai conseguir isso.”, afirmou Troster.
Em outro momento, o economista citou que tanto Brasil como Argentina sofrem do mesmo problema de pensar em “apagar incêndios” e não pensar no futuro. “Tanto lá como aqui, só estão preocupados em chegar no fim do mês, aqui no fim do ano. Brasil e Argentina têm muito potencial. Têm gente, riquezas naturais, infraestrutura e tudo para crescer muito. Mas aqui perguntam ‘qual que vai ser o PIB e a inflação desse ano’ em vez de pensar em ‘quanto que a gente vai crescer em 2032’, pensar no futuro. Temos foco no curto prazo e não vemos potencial no longo prazo”, concluiu. Na quinta, foram realizados protestos orquestrados por organizações e movimentos de esquerda que pediam salário básico universal, que corresponderia a 3 mil pesos, valor de uma cesta básica na Argentina, e um bônus de 20 mil pesos para pessoas aposentadas. Os manifestantes também se mostraram contrários à decisão do Banco Central de um dólar soja, medida proposta pelo Banco para liquidar a soja e obter 2,5 bilhões de dólares para encher as reservas do país, que sofre de falta de divisas. A inflação aumentou 5,3% em junho, o que também motivou protestos. Dentro dessa inflação, os setores que mais sofreram foram calçados, roupas, alimentos, saúde, água e eletricidade. Nos alimentos, os que mais aumentaram foram azeite de girassol, leite e alface.