A visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara americana, à Taiwan deixou a ilha em uma situação complicada com a China. Na manhã desta quarta-feira, 3, o Global Times, jornal ligado ao Partido Comunista (PC), trazia a seguinte manchete: “A China vai acelerar a reunificação”. Apesar dessa relação ainda mais delicada, Taiwan prossegue com o tom de desafio, mesmo após a delegação de Pelosi deixar a ilha. A presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, declarou que ante as crescentes e deliberadas ameaças militares, Taiwan não recuará. “Vamos manter a linha de defesa da democracia”, declarou. O governo de Taiwan também acusa a China de fazer um bloqueio aeronaval não-oficial ao planejar execícios militares em torno da ilha. De acordo com a agência de notícias oficial, os taiwaneses já estariam negociando com Japão e Filipinas rotas alternativas para furar o bloqueio chinês. Desde que o avião da deputada norte-americana pousou em Taiwan, o ministério da Defesa chinês prometeu “ações militares seletivas”, com uma série de manobras militares ao redor da ilha que começarão na quinta-feira, 4, incluindo “o disparo de munições reais de longo alcance” no Estreito de Taiwan, que separa a ilha da China continental. Contudo, esse não foi o único posicionamento chinês.
O ministério do Comércio anunciou sanções econômicas, incluindo a suspensão da exportação para Taiwan de areia natural, componente chave para a produção de semicondutores, uma das principais exportações da ilha. A administração alfandegária chinesa também cancelou a importação de frutas e alguns peixes de Taiwan. China e Taiwan estão separadas de fato desde 1949, quando as tropas comunistas de Mao Tsé-Tung derrotaram os nacionalistas, que se refugiaram na ilha, e os chineses tentam isolar a ilha do restante do mundo e critica os países que mantêm uma relação oficial. Washington reconheceu em 1979 o governo de Pequim como representante da China, mas prosseguiu com o apoio militar a Taiwan. A “reunificação” da China é uma meta prioritária para o presidente chinês, Xi Jinping, que, no final de julho, disse formalmente ao presidente americano Joe Biden por telefone que evitasse “brincar com fogo”. Pequim vê a visita de Pelosi como uma completa farsa. “Estados Unidos violam a soberania da China sob o pretexto da chamada ‘democracia’… aqueles que ofendem a China serão punidos”, disse o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, à margem de uma reunião da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) em Phnom Penh.
*Com informações da AFP