Com quase 279 mil doses aplicadas até esta terça-feira (13), o Rio Grande do Sul atingiu 50% da meta estabelecida neste ano pelo Ministério da Saúde por meio da campanha nacional de vacinação de crianças contra a poliomielite. O índice considerado ideal é de 95% da gurizada de 1 a 4 anos, segmento que totaliza 553.814 gauchinhos.
Em âmbito municipal, ao menos 182 das 497 cidades do Estado já alcançaram esse percentual. A ofensiva contra a doença (também conhecida como “paralisia infantil”) prossegue até o dia 30 deste mês.
A secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, avalia a situação como positiva, mas reforça que é preciso avançar: “Não temos no Rio Grande do Sul casos de poliomelite, mas não podemos dar chance ao azar”.
Até a mesma data, foram vacinadas 4,95 milhões de brasileirinhos, o que representa 42% da meta nacional. Os dados da campanha nacional podem ser acompanhados no site infoms.saude.gov.br.
Poliomielite, ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por via fecal-oral (contato direto com as fezes ou com secreções expelidas pela boca das pessoas infectadas). Pode atacar o sistema nervoso e provocar paralisia flácida aguda, principalmente em membros inferiores.
Queda nas coberturas
Índices de vacinação abaixo das metas preconizadas pelo Ministério da Saúde aumentam os riscos para doenças imunopreveníveis. É o caso da própria poliomielite, bem como coqueluche, sarampo, caxumba, rubéola, varicela, meningite meningocócica e pneumocócica, gastroenterite por rotavírus e hepatites A e B, entre outras.
Levando-se em conta o calendário básico de vacinação infantil, nos últimos cinco anos as metas preconizadas pelo Ministério da Saúde não foram atingidas. Os dados de 2021 (ainda considerados parciais) indicam que o Rio Grande do Sul ficará abaixo das metas preconizadas.
A imunização contra a doença não alcançou nos últimos anos, no Rio Grande do Sul, a meta de 95% de cobertura. A análise da série histórica das coberturas vacinais de 2017 a 2020 tem variado entre 75% e 86%.
Uma análise da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) em 2021 identificou que o Brasil é um dos países da América com alto risco reintrodução do vírus da poliomielite, ao lado de outros cinco países (Bolívia, Panamá, Paraguai, Argentina e Equador). Quatro apresentam situação de risco muito alto: Haiti, Venezuela, Peru e República Dominicana.
No Rio Grande do Sul, a análise demonstrou um cenário preocupante, onde 42% dos municípios gaúchos encontram-se em risco muito alto e 32% em risco alto. Ou seja, em 367 municípios do Estado (74%) há um grande risco de voltarmos a ter casos de pólio.
Para a análise de risco considera-se cobertura vacinal, vigilância epidemiológica e alguns determinantes de saúde como acesso à água potável e à rede esgotos. Com isso, reforça-se a necessidade de manter ações permanentes e efetivas de vigilância da doença e níveis adequados de proteção imunológica da população.
(Marcello Campos)