A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta terça-feira (11), a Operação Benzina para combater a lavagem de dinheiro feita por uma organização criminosa com sede no bairro Bom Jesus, na Zona Leste de Porto Alegre.
Foram cumpridas 475 ordens judiciais na Capital, em Eldorado do Sul, Viamão, Alvorada, Frederico Westphalen, Venâncio Aires, Campo Bom, Sapucaia do Sul, Xangri-lá, Tramandaí e Canoas, medidas constritivas de sequestro e indisponibilidade de bens móveis e imóveis – o congelamento chega a mais de R$ 18 milhões –, bloqueio de contas de 41 pessoas físicas e jurídicas, bem como afastamentos de sigilos fiscais e bancários de empresas e suspeitos.
Pelo menos nove bandidos foram presos. Segundo as investigações, a facção criminosa utiliza a venda de combustíveis, produtos em lojas de conveniência e eletrônicos para “lavar” dinheiro oriundo de extorsão, compra e venda de armas de fogo, roubos, receptação e tráfico de drogas. Muitos desses crimes foram cometidos na Capital. Veículos de luxo foram apreendidos durante a ação.
“A operação é fruto de uma investigação que se estendeu por aproximadamente dois anos e por meio da qual identificou-se integrantes da organização criminosa, desde o momento do procedimento da reciclagem do dinheiro ilegal, com depósitos de valores suspeitos em contas de postos de gasolina, lojas de conveniência e lojas que vendem telefone celular, a posterior mescla desses com capital lícito, passando pelas transferências de recursos a pessoas jurídicas vinculadas à facção”, informou a Polícia Civil.
Em um dos postos de combustíveis vinculados à facção, localizado em Porto Alegre, mais de 50% do faturamento em três meses foi em dinheiro em espécie, o que não é compatível com a atividade normal do mercado para esse ramo. Também foram identificadas transferências para presos e familiares, como no caso de um detento condenado por assaltos a bancos e lotéricas.
“Conforme as investigações, no período de dois anos, verificou-se que houve em três dos postos de combustíveis e em uma empresa de venda de aparelhos celulares, todos relacionados à facção, movimentações financeiras no montante de R$ 18 milhões”, revelou a polícia.
“A administração dos negócios era feita por gerentes da facção que estivessem em liberdade ou pelos seus familiares e laranjas, principalmente no caso daqueles que estivessem presos. Ainda verificou-se que um dos gerentes desse esquema tinha negócios com um suposto empresário, também suspeito do branqueamento de capital e já indiciado por crime de homicídio, o qual atua em diversos ramos econômicos, dentre eles, comercialização de aparelhos eletrônicos e administração de imóveis para terceiros. O suspeito é possuidor de um patrimônio que inclui barco, carros importados e imóveis de luxo, em nome de outras pessoas. No curso das investigações, um dos gerentes da facção foi assassinado e, após a sua morte, de maneira fraudulenta, um de seus postos de gasolina foi transferido a outra pessoa, vinculada à mesma facção, a fim de não interromper a continuidade da estrutura empresarial destinada à lavagem de dinheiro”, prosseguiu a polícia.
A facção que foi alvo da operação é aliada a outra com sede no Vale do Sinos e está em guerra contra uma terceira, o que tem ocasionado diversas mortes no Estado.