O governador eleito do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, reuniu-se nesta terça-feira (1º) no Palácio Piratini com o atual mandatário, Ranolfo Vieira Júnior, para as primeiras tratativas sobre o processo mudança no comando do Executivo estadual. Um gabinete de transição será instalado no 21º andar do Centro Administrativo (bairro Praia de Belas).
Para esta etapa inicial, Ranolfo (vinculado ao PSDB, assim como Leite) designou para a tarefa os secretários Artur Lemos (Casa Civil) e Claudio Gastal (Planejamento, Governança e Gestão), juntamente com o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa. Ele declarou:
“Eles vão trabalhar de forma integrada com a nova equipe para organizar este momento importante. O governo do Estado está à disposição para repassar todas as informações necessárias sobre a organização e o panorama atual do governo”.
Eduardo Leite ainda não adiantou quem serão os seus encarregados de atuar nesse processo de costura político-administrativa. Acompanhado de seu vice, Gabriel Souza (MDB), deu a entender que a “passagem do bastão” será marcada por uma combinação de permanências e mudanças:
“Agradeço ao governador Ranolfo pela disponibilização do local e das equipes. Os próximos dois meses serão de planejamento e estruturação das bases do novo governo. Há uma continuidade, mas é também um novo momento e um novo ciclo de governo e precisamos do período para fazer uma releitura da máquina administrativa”.
Em sua fala estava embutido um aspecto inédito na história recente do Rio Grande do Sul: o fato de agora Leite ser, ao mesmo tempo, antecessor e sucessor do atual chefe do Executivo.
Isso porque ele comandava o Palácio Piratini até o final de março, quando renunciou para tentar candidatura à Presidência da República (plano que acabou não se concretizando). Quem então assumiu em seu lugar foi Ranolfo, que em janeiro “devolverá” o cargo – alternância que deve facilitar bastante o processo de transição.
Eleição
No domingo passado, Eduardo Leite se tornou o primeiro governador reeleito no Rio Grande do Sul, ao derrotar Onyx Lorenzoni (PL) por 57,12% a 42,88% – de virada, após perder para o candidato bolsonarista no primeiro turno e quase perder o segundo lugar para Edegar Pretto (PT).
Prefeito de Pelotas (Região Sul) entre 2013 e 2016 e, antes disso, secretário municipal, vereador e presidente da Câmara Municipal na mesma cidade, o tucano gaúcho já é detentor da marca de mais jovem político eleito para a chefia do Executivo gaúcho: tinha apenas 33 anos ao vencer José Ivo Sartori (MDB) no pleito de 2018.
Na prática, Leite não foi exatamente reeleito, visto que estava fora do cargo desde março. Mas sua vitória é assim tratada sob o prisma da legislação: por ter vencido dois pleitos seguidos para o cargo, estará impedido de concorrer a terceiro mandato em 2026.
Por fim, o político tucano carrega em sua trajetória outra façanha jamais vista na história política gaúcha: a de governador que assumiu publicamente ser homossexual. A revelação foi feita durante entrevista a programa de televisão, em julho do ano passado.
(Marcello Campos)