Nesta segunda-feira (7), o governador Ranolfo Vieira Júnior se reuniu em Porto Alegre com o embaixador da Noruega no Brasil, Odd Ruud. O diplomata, que está no Rio Grande do Sul desde a semana passada, foi recebido com honrarias militares no Palácio Piratini para uma conversa sobre possíveis parcerias na área ambiental, com foco no chamado “hidrogênio-verde” e descarbonização.
Trata-se de mais um capítulo em tratativas bilaterais iniciadas em fevereiro. Ruud destacou o interesse do país europeu nesse tipo de colaboração, tendo a embaixada como uma espécie de mediador e facilitador: “Estamos buscando oportunidades no Rio Grande do Sul na indústria off-shore [localizada fora do país interessado] de hidrogênio-verde e amônia-verde”.
Ranolfo, por sua vez, reiterou a disposição do Executivo viabilizar o estreitamento das relações em tal pauta: “O Rio Grande do Sul vem trabalhando muito em projetos voltados para a transição da matriz energética, principalmente aqueles ligados ao hidrogênio-verde. Temos total interesse em parcerias na agenda das energias renováveis”.
O governo gaúcho assumiu o compromisso de neutralizar as emissões de carbono no Estado em pelo menos 50% até o ano de 2030 e de zerar esse índice nas duas décadas seguintes. As metas constam nos compromissos “Race to Zero” e “Race to Resilience 2050”, firmados em janeiro de 2022.
Com o programa estadual “Avançar na Sustentabilidade”, lançado em janeiro de 2022, o Estado destinou R$ 5 milhões ao Projeto Hidrogênio Verde. Também já foram assinados três memorandos de entendimento voltados à viabilização da produção de hidrogênio-verde com as empresas White Martins, Enerfin e Neoenergia.
O embaixador Odd Ruud permanece no Estado até está terça-feira, quando realiza visita à região da Serra Gaúcha. Em seguida, retornará para Brasília, onde está a sede da representação diplomática norueguesa.
Entenda
O hidrogênio-verde é uma fonte de energia que pode ser utilizada sob forma líquida ou gasosa, substituindo combustíveis derivados de fontes fósseis (gasolina, diesel, gás e carvão, por exemplo). Sua obtenção se dá a partir das moléculas da água, compostas por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.
Por meio de um processo denominado “eletrólise”, é possível dividir essa molécula e separar os dois componentes. Mas esse processo demanda muita energia elétrica. No caso do hidrogênio-verde, a eletricidade utilizada vem de fontes renováveis, como solar e eólica (ventos).
A eletrólise também pode se dar por meio do gás natural, resultando no hidrogênio-cinza. Ou da energia a carvão, que é o hidrogênio-preto.
O hidrogênio é um dos principais concorrentes a substituir derivados de combustíveis fósseis em setores com dificuldade para eletrificar atividades necessárias à redução de emissões por meio da energia eólica ou solar. É o caso dos setores de transporte e siderurgia.
O Brasil tem alto potencial para produzir hidrogênio verde pois tem uma grande disponibilidade de fontes renováveis de energia elétrica para realizar eletrólise, como eólica, solar e hidrelétrica.
Projetos para estudar a viabilidade de produção de hidrogênio-verde têm se proliferado em âmbito global. A busca é por novas fontes que garantam o suprimento de energia ao mesmo tempo em que ajudam na redução de emissões, na transição para uma economia de baixo carbono.
Na corrida para suprir essa nova demanda, o Brasil se tornou naturalmente candidato a produzir o hidrogênio-verde. O motivo é o alto índice de energias renováveis que possui em sua matriz elétrica.
(Marcello Campos)