Nos quase 20 anos entre 2003 e 2021, o Rio Grande do Sul registrou 4.230 desastres naturais, conceito que abrange fenômenos extremos ou intensos, que causam danos que excedem a capacidade da comunidade atingida em conviver com o impacto provocado. É o caso de fenômenos como estiagem, alagamento, inundação e chuva intensa.
Estes e outros dados estão presentes em estudo inédito, produzido pelo Departamento de Planejamento Governamental (Deplan), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) do governo gaúcho. O material pode ser acessado no portal spgg.rs.gov.br.
A iniciativa resulta de pedido feito pela Defesa Civil do Estado e tem por base estatísticas do Ministério do Desenvolvimento Regional. No material constam dados sobre os tipos de desastres naturais mais recorrentes no Estado:
– Hidrológicos (alagamentos, inundações e enxurradas).
– Meteorológicos (tornados, granizos, chuvas intensas, vendavais, geadas e ciclones).
– Desastres climatológicos (estiagens e secas) e geológicos (movimentos de massa, como, por exemplo, os deslizamentos).
O relatório também aponta que entre 2017 e 2021, um contingente de 4,44 milhões de habitantes de 482 dos 497 municípios do Estado foram afetados por esses incidentes. Os prejuízos econômicos contabilizados nesses eventos nos quatro anos foram estimados em R$ 22,9 bilhões, sendo 97,6% no setor privado e 2,3% do poder público.
Dentre os registros mais comuns no período estão as estiagens e secas, caracterizados pela menor ocorrência de chuvas. Foram 464 municípios gaúchos com decretos publicados sobre o assunto, em um total de 2.265 ocorrências que afetaram – direta ou indiretamente – ao menos 1,91 milhão de pessoas.
As áreas administrativas que contabilizaram maiores prejuízos por ocorrências desse tipo foram as sediadas em Santa Maria (Região Central), Uruguaiana (Fronteira-Oeste), Santo Ângelo e Frederico Westphalen (Noroeste).
Outros registros de grande impacto material no Rio Grande do Sul entre 2003 e 2021 foram os de inundação (quando a precipitação supera a capacidade de infiltração do solo), com 133 municípios, e enxurrada (grande volume de chuvas que afetam o escoamento dos rios e têm alto poder destrutivo), com 324 municípios. Nestes casos, as coordenadorias da Defesa Civil mais atingidas foram as com sede em Uruguaiana e Lajeado.
Outros dados
– De 2017 a 2021, o Rio Grande do Sul teve 73.769 pessoas afetadas diretamente por desastres, considerando-se mortos, feridos, enfermos, desabrigados, desalojados e desaparecidos. As coordenadorias mais afetadas foram as de Porto Alegre, a de Uruguaiana e a de Lajeado.
– Nesses mesmos cinco anos, os períodos com maior número de ocorrências de desastre foram de junho a agosto e de janeiro a fevereiro.
– No intervalo entre 2003 e 2021, os registros oficiais indicam 444 municípios com dois a sete tipos diferentes de ocorrências de desastres.
(Marcello Campos)