Validando a projeção feita pela FCDL-RS (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul) e Escola de Negócios da PUCRS, em dezembro de 2021, o ano de 2022 trouxe bons motivos para o comércio gaúcho celebrar.
A análise produzida neste ano, apresentada em entrevista coletiva nesta quarta-feira (07) concedida pelo presidente Vitor Augusto Koch e pelo economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Gustavo Inácio de Moraes, mostrou o balanço positivo de 2022 e apontou caminhos para o comércio gaúcho em 2023.
Os diferentes segmentos do setor tiveram um desempenho muito positivo, fechando o ano com um incremento de 5% na comparação com o ano anterior.
“Ficamos muito satisfeitos em observar que a projeção realizada ao final de 2021 se concretizou. Acreditávamos em um crescimento acima de 2% para a economia do país e isso ocorreu. A força criativa de todos os atores envolvidos na propulsão da roda econômica brasileira foi fundamental para podermos, hoje, celebrar indicadores positivos”, avaliou o presidente Vitor Augusto Koch.
O dirigente destacou o desempenho positivo dos diferentes segmentos que compõem o comércio gaúcho, especialmente aqueles que trabalham com produtos de menor valor agregado.
“Aconteceu um crescimento heterogêneo do nosso comércio. Quem atua com artigos mais populares teve benefícios maiores com a retomada econômica. Já os setores que dependem do parcelamento ou comercializam produtos mais sofisticados tiveram um pouco mais de dificuldades, porém, também registraram bom desempenho neste ano”, afirmou Vitor Augusto Koch.
Enquanto o comércio geral deve crescer cerca de 5% neste ano, o comércio ampliado, que inclui a venda de veículos e material de construção, deve registrar incremento de 3%. A análise da FCDL-RS e da Escola de Negócios da PUCRS mostra que isso se deve às dificuldades impostas pelo aumento da taxa de juros e a retomada do emprego acontecendo em posições com menor remuneração.
“Mantida a tendência de crescimento do emprego e a estabilidade desses postos de trabalho, além da redução da taxa de juros, a tendência é que o consumo de produtos duráveis e de maior valor agregado cresça em 2023”, lembrou o presidente da FCDL-RS.
Força econômica
Neste ano, a economia do Rio Grande do Sul teve o seu maior crescimento desde 2012, permitindo que a produção e a comercialização se expandissem.
“O crescimento de 2022 seguiu a trajetória do ano passado, que estava condicionado à recuperação dos períodos de restrições impostas no combate à pandemia. Um fator que entendemos fundamental para isso, foi a redução do ICMS, o que beneficiou a atividade econômica, na medida em que os preços de combustíveis, energia e telecomunicações tiveram uma queda considerável. Isso mostra que deve ser incentivado o equilíbrio das contas públicas, especialmente com redução responsável de impostos”, enfatizou Gustavo Inácio de Moraes.
No que se refere ao ICMS, o presidente Vitor Augusto Koch voltou a reafirmar a posição firme e contrária da FCDL-RS a qualquer possibilidade de retomada de alíquotas maiores do imposto, como está sendo ventilado a partir de um possível acordo de Estados e União que permita alíquotas maiores de ICMS para gasolina e base maior para cálculo do imposto para energia.
“De forma alguma somos favoráveis a elevação das alíquotas do ICMS. Precisamos de gestão pública responsável e que administre os recursos do Estado de maneira eficiente, sem apelar para a tradicional forma de aumentar impostos. A sociedade em geral não pode mais conviver com esse tipo de situação. Aumento de alíquotas de impostos diminui a renda das famílias e retrai o consumo”, ponderou Vitor Augusto Koch.
Cautela para 2023
Projetando o próximo ano, a recomendação se resume em uma palavra: cautela. A pressão da inflação, o adiamento de uma queda da taxa de juros, o estado da economia internacional e as indefinições sobre o financiamento dos programas sociais criam esse cenário de estratégias de negócios cuidadosas e com ações mais defensivas para 2023.
A perspectiva é que o crescimento econômico possa se desacelerar em 2023, no Brasil e no mundo. O nosso país, provavelmente, terá dificuldades para manter o ritmo apresentado em 2021 e 2022, apresentando um ambiente semelhante ao de 2019, quando teve crescimento econômico de apenas 1%.Finalmente, há uma expectativa de recessão nos países centrais que pode desacelerar a geração de renda na economia brasileira.
O Brasil ainda convive com a manutenção da pressão inflacionária, uma vez que as reduções apresentadas se concentraram em comunicações e transportes, demonstrando um comportamento superior a dois dígitos, na variação de 12 meses, nos segmentos de alimentação e bebidas e também de vestuário.
“É importante que aconteça deflação nesses segmentos, que mexem de forma intensa com o orçamento do consumidor, afetando o planejamento das famílias e dos empreendedores do comércio”, lembrou o presidente Vitor Augusto Koch.