Uruguai, Haiti e Venezuela são os países com maior número de imigrantes no Rio Grande do Sul. Concentrados em sua maior parte na região de Fronteira, os cidadãos oriundos do país vizinho contam com participação expressiva na rotina de cidades da Fronteira-Oeste como Chuí e Santana do Livramento. Já os procedentes da ilha caribenha e da outra nação latino-americana têm aumentado desde 2018 a sua participação, mais espalhada pelo mapa gaúcho.
As estatísticas mais recentes apontam um número superior a 93 mil registros de imigrantes no Estado (janeiro de 2022) e quase 21 mil estrangeiros formalmente empregados em território gaúcho (dezembro de 2020). Já o Cadastro Único do governo federal inclui, no Rio Grande do Sul. cerca de 32,5 mil pessoas originárias de outros países (agosto de 2022).
Essas e outras informações constam no estudo “Perfil dos Migrantes no Rio Grande do Sul”, produzido pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). O estudo está disponível para consulta integral no site estado.rs.gov.br.
O material foi elaborado a partir de dados Sistema de Registro Nacional Migratório (Sismigra), da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal. Cada uma dessas fonte oferece um recorte diferente da população e, a partir da sua análise, é possível fornecer uma ideia aproximada sobre a presença de migrantes no Estado.
“As características observadas nos migrantes que vivem no Rio Grande do Sul permitem inferir que parte importante dessas pessoas se encontra em situação de vulnerabilidade social, em especial aqueles que ingressaram em alguma modalidade associada à condição de refugiados, como é o caso de venezuelanos e haitianos nos últimos anos”, analisa o autor do relatório, Tomás Pinheiro Fiori.
Conforme o Sismigra, o número de uruguaios vivendo no Rio Grande do Sul é de 34.274, aproximadamente um terço do total. Já a Rais mostra 20.992 cidadãos oriundos do país vizinho, 2.144 deles inseridos no mercado formal de trabalho. No Cadastro Único, por sua vez, o número de uruguaios é de 4.030, para um total de 32.505 cidadãos estrangeiros.
Haitianos estiveram mais presentes no mercado formal de trabalho, representando a metade do total dos empregados com nacionalidade não brasileira nesta base (10.469 de um total de 20.992). No Sismigra, imigrantes do país caribenho (um dos mais pobres do mundo) eram 16.722 e no Cadastro Único chegavam a 7.424 pessoas.
Conforme os dados mais recentes, os venezuelanos tinham maior representatividade nos dados do Cadastro Único, com 14.030 inscrições (32.505 do total do RS), enquanto tinham 11.584 registros no Sismigra e 3.155 na Rais. O estudo aponta que venezuelanos e haitianos representavam 71% do total de entradas no Cadastro Único. De forma geral, nesta fonte de dados, 62,7% são pobres ou extremamente pobres, sendo 52,4% beneficiários do programa Auxílio Brasil (que em breve voltará a ser denominado Bolsa Família).
Gênero e faixa etária
De acordo com o Sismigra, considerando todas as nacionalidades de imigrantes vivendo no Rio Grande do Sul, cerca de 60% são do sexo masculino. Em relação a determinadas nacionalidades, o índice é ainda mais significativo, como dos senegaleses, que contam com 94% de homens.
Na questão da faixa etária, entre os uruguaios, mais de 50% dos moradores estão acima dos 40 anos, enquanto 16,5% têm 25 anos ou menos. Entre os migrantes venezuelanos, há uma diversidade de faixas etárias, sendo 28% dos registros de pessoas entre 0 e 15 anos, e 79,6% abaixo dos 40 anos de idade.
Escolaridade e remuneração
Dos migrantes com empregos formais no RS, trabalhadores que tinham até o Ensino Médio incompleto representavam 43,4% do total. Com Ensino Superior completo, a proporção no Estado é de 10,6% dos migrantes. Quando considerada toda a população do Rio Grande do Sul, a proporção é de 27,4% com Ensino Médio incompleto e 21,8% com Ensino Superior completo.
A menor presença de migrantes empregados com nível superior completo no Estado se reflete também nas médias salariais. Enquanto os migrantes recebem, em média, 2,27 salários mínimos no Estado, o valor entre a população geral é de 2,88 salários mínimos. Com isso, o Estado tem a 23ª pior média de rendimentos de migrantes do país, num ranking liderado pelo Rio de Janeiro.
(Marcello Campos)