A emissão de gases do efeito-estufa no Rio Grande do Sul totalizou 77,6 milhões de toneladas em 2020, uma queda de 3,85% em relação ao ano anterior. Conforme relatório divulgado nesta sexta-feira (24) pelo governo gaúcho, o resultado acompanhou tendência mundial (-7%) atribuída à redução de atividades no primeiro ano da pandemia de coronavírus. Já o Brasil seguiu na contramão, com alta de 10% na emissão geral, puxada por queimadas e desmatamento na Amazônia.
No ranking dos Estados, o Rio Grande do Sul aparece em nono lugar no que se refere aos maiores volumes de emissão. O líder é o Pará (1º), em um pódium completado por Mato Grosso (2º) e Minas Gerais (3º).
Produzido pela pesquisadora Mariana Pessoa, o estudo foi detalhado por técnicos do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), durante o Fórum Gaúcho de Mudanças Climáticas. Eles apresentaram um panorama das metas fixadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) no chamado “Objetivo do Desenvolvimento Sustentável [ODS-13]”.
A redução das emissões de gases poluentes, a atenuação dos efeitos nocivos das mudanças climáticas e o estímulo à participação de indivíduos, autoridades e sociedade como um todo frente à problemática estão entre os objetivos do plano.
O documento foi produzido a partir dos dados mais recentes de diversas fontes e abrange o período a partir de 2015, com dados geridos pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), que criou neste ano uma Assessoria do Clima para tratar das iniciativas do Estado com tal finalidade – as informações vão ser utilizadas em um plano estadual a ser lançado em 2023.
No Estado, a agropecuária é a responsável pela maior parte das emissões (50,8%), seguida do setor de energia (27,4%) e do segmento de mudança do uso da terra e floresta, que engloba o desmatamento (16,6%). Já em âmbito nacional, mudanças no uso da terra e floresta estão associadas a 48,3% das emissões, junto com a agropecuária (24,4%) e o setor de energia (19,1%).
Agropecuária reduz emissões
Na comparação com os anos anteriores, a agropecuária gaúcha reduziu as emissões de gases do efeito-estufa. Em 2020 foram 39,4 milhões de toneladas de monóxido de carbono, contra 41,2 milhões em 2019 e 43,9 milhões em 2015, ano de início da série de acompanhamento do ODS.
“Apesar de ser uma categoria bastante representativa nas emissões, o setor da agropecuária é um dos que mais tem apresentado avanços no desenvolvimento de metodologias de sequestro de carbono, com desenvolvimento de tecnologias e emprego de técnicas conservacionistas, como plantio direto, integração pecuária-lavoura-floresta, agroflorestas e plantios florestais, sob respaldo do Plano de Agricultura de Baixo Carbono”, destaca a autora do estudo.
Desastres naturais no Estado
De janeiro a setembro de 2022, os desastres naturais relacionados com o clima afetaram diretamente 4.191 pessoas no Rio Grande do Sul, uma taxa de 36,5 por 100 mil habitantes. Dentre os gaúchos atingidos, 96,7% foram vítimas de chuva em excesso.
No ano passado, a taxa foi de 4,8 por 100 mil, o que representou 554 pessoas afetadas e o menor índice desde do início da série analisada, em 2015. Já no Brasil, o mesmo período teve 451.488 pessoas afetadas, o que corresponde a 211,6 por 100 mil.
Já no País como um todo, os desastres relacionados à falta de chuvas são os mais frequentes ao longo da série histórica iniciada em 2015, enquanto no Rio Grande do Sul há uma variação, com anos de mais ocorrências relacionadas ao excesso de chuvas e outros com maior estiagem.
Dos 326 registros de desastres naturais entre janeiro e julho deste ano, 302 (92,6%) estão relacionados à estiagem, enquanto ao longo de todo o ano de 2015, por exemplo, a mesma causa foi responsável por apenas um dos 167 registros. O conteúdo integral do relatório pode ser conferido em estado.rs.gov.br.
(Marcello Campos)