16/01/2023 às 22h39min - Atualizada em 17/01/2023 às 06h44min

Desmontagem de acampamento gera conflito de versões entre o governo do Distrito Federal e o Exército

Desmontagem de acampamento gera conflito de versões entre o governo do Distrito Federal e o Exército - Jornal O Sul

Jornal O Sul
https://www.osul.com.br/desmontagem-de-acampamento-gera-conflito-de-versoes-entre-distrito-federal-e-exercito/

A desmontagem de acampamento de manifestantes em Brasília e a prisão dos extremistas gerou um novo conflito de versões entre o governo e a Polícia Militar do Distrito Federal de um lado e o Exército do outro. No centro agora da polêmica estaria a resistência em acabar de uma vez com o local na noite do domingo, dia 8 – horas depois da invasão da sede dos três Poderes – e prender os radicais que teriam se refugiado na frente do Quartel-General da Força Terrestre, no Setor Militar Urbano (SMU).

Na última sexta, o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse em depoimento que o Comando do Exército não havia permitido que o acampamento fosse desmontado no dia 29 de dezembro, antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Agora foi a vez do ex-comandante da PM do DF Fábio Augusto Vieira afirmar, em depoimento à Polícia Federal, que a Força se negou a permitir que a tropa de choque da PM entrasse no acampamento para deter os vândalos na noite do dia 8. ele declarou que, em meio ao início das ações golpistas, o Exército “já estava mobilizado para não permitir” a entrada da PM no SMU, onde estava localizado o acampamento de bolsonaristas.

De fato, naquela noite, o Exército posicionou sua Tropa de Choque e três blindados, cercando a praça na frente do QG. A ordem então era que ninguém podia entrar no acampamento, só sair.

Reunião

Naquele momento se desenvolvia uma reunião da qual participavam os ministros Flávio Dino (Justiça), Rui Costa (Casa Civil) e José Múcio (Defesa) com os comandantes do Exército, Julio Cesar Arruda e do Planalto, Gustavo Henrique Dutra Menezes.

Na versão dos militares, eles estavam havia um mês desocupando paulatinamente o acampamento por meio de um estrangulamento. Imagens feitas com drones pela inteligência militar confirmariam a ação. Antes do fim do dia 7, o total de acampados havia caído para cerca de 200.

O número aumentou novamente coma chegada de caravanas de extremistas a Brasília. Na reunião com os ministros, os generais afirmaram que fariam a desocupação do terreno na manhã de segunda-feira.

De acordo com a versão dos militares, a ordem de prisão emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, só foi expedida depois do término da reunião.

A ordem, portanto, de quem ninguém entraria na área do acampamento à noite tinha por objetivo impedir os riscos de uma operação noturna em um ambiente com mulheres, crianças e idosos e não impedir o cumprimento da ordem judicial do STF.

“Ato pacífico”

Em outro momento, na audiência de custódia após ser preso, o ex-comandante da PM afirmou que “tudo apontava no domingo para um ato pacífico”, quando apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro levaram a cabo o que chamaram de “tomada de poder”. Segundo o militar, as operações da corporação no dia dos atos antidemocráticos foram realizadas de acordo com informações da área de inteligência, “inclusive de outros órgãos”.

A alegação do ex-comandante da PM do DF conflita com o alerta emitido pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. Em ofício enviado a Ibaneis Rocha na véspera das investidas extremistas, ele apontou riscos de violência nos atos previstos para o dia seguinte. O ministro Dino enviou ofício às autoridades de segurança pública do DF.

No documento, o ministro afirma que a PF havia identificado “intensa movimentação” de caravanas rumo a Brasília e, ainda de acordo com o texto, os manifestantes tinham a intenção de “promover ações hostis e danos contra os prédios” da capital federal.

Vieira foi preso, por ordem de Moraes, com base em “fortes indícios” de “omissão”. No mesmo despacho em que determinou a prisão do PM, o ministro do STF decretou também a prisão preventiva – sem prazo determinado -, efetuada no sábado, do então secretário da Segurança Pública, Anderson Torres, que foi ministro da Justiça de Bolsonaro até o dia 31 de dezembro.



Fonte: https://www.osul.com.br/desmontagem-de-acampamento-gera-conflito-de-versoes-entre-distrito-federal-e-exercito/
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Error
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp