O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dispensou, nessa terça-feira (17), 40 militares que recebiam gratificação para atuar na coordenação de administração do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República.
As portarias da Secretaria-Geral da Presidência, com as dispensas, foram publicadas na edição desta terça do “Diário Oficial da União”.
A medida atinge militares de patentes mais baixas (soldados, cabos e sargentos) que atuavam, por exemplo, na segurança do Alvorada. Eles continuam nas Forças Armadas, porém em outras atividades.
A dispensa ocorre em meio à desconfiança externada por Lula com a atuação dos militares durante os ataques golpistas de 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Na semana passada, Lula afirmou ver conivência de integrantes das Forças Armadas e da Polícia Militar do Distrito Federal com os manifestantes radicais.
Lula também se queixou que ainda não tem condições de realizar sua mudança para o Alvorada em razão do estado de conservação da residência oficial.
A Secretaria-Geral também dispensou, nessa terça, um cabo da Aeronáutica que atuava na coordenação de administração da Granja do Torto, um tenente que estava na Coordenação-Geral de Administração das Residências Oficiais e um tenente-coronel da PM do DF que era coordenador da Coordenação de Apoio Geral da Diretoria de Apoio às Residências Oficiais.
Ustra
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável por cuidar da segurança do presidente, do vice-presidente e dos palácios presidenciais, também dispensou militares nessa terça.
A pasta dispensou do cargo de assessor técnico militar na Coordenação-Geral de Operações de Segurança Presidencial três militares, entre os quais, o tenente-coronel do Exército Marcelo Ustra da Silva Soares.
De acordo com o portal “Metrópoles”, Marcelo é familiar do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, considerado um dos principais torturadores da ditadura militar (1964-1985).
Ustra, que morreu em 2015 aos 83 anos, comandou de 1970 a 1974 o DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura, onde foram registradas ao menos 45 mortes e desaparecimentos forçados, de acordo com relatório elaborado pela Comissão Nacional da Verdade.
Ustra era considerado um “herói” nacional pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Conforme o Portal da Transparência do governo federal, Marcelo viajou a trabalho para Orlando, nos Estados Unidos, no final de dezembro, como integrante da equipe de segurança na viagem de familiar do então presidente.
Bolsonaro viajou para Orlando na véspera do final do mandato, em 30 de dezembro.