Após a recessão econômica provocada pela pandemia de coronavírus e ainda sob impacto da estiagem, o mercado de trabalho no Rio Grande do Sul se manteve em recuperação no último trimestre de 2022, com dados positivos de empregos com carteira assinada. A informação consta em boletim divulgado nesta quarta-feira (18) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).
O documento, elaborado pelos pesquisadores Guilherme Xavier Sobrinho e Raul Bastos, tem uma primeira parte focada na análise do comportamento do mercado de trabalho até final do ano, com base nas informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a segunda vai até novembro, a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Previdência.
Os dados da PNAD indicam que, em linhas gerais, com exceção dos rendimentos dos ocupados, houve avanços nos principais indicadores do mercado gaúcho de trabalho. “Dentre outros aspectos, a continuidade do processo de melhora é ratificada pela recuperação da taxa de participação na força de trabalho, pelo aumento do nível de ocupação e pela queda na taxa de desocupação”, explica Raul Bastos.
Também houve crescimento no número de empregos formais, com 109,2 mil novos vínculos na comparação com novembro de 2021. “Apesar deste crescimento, o resultado marca uma desaceleração no confronto com o período de novembro de 2020 ao mesmo mês de 2021, pois o saldo decresceu aproximadamente 30%”, pontua Guilherme Sobrinho.
Análise segmentada
Na mesma base de comparação, o maior índice de variação do emprego formal foi registrada no setor da construção civil (6,9%), enquanto serviços e agropecuária dividiram a segunda posição, com 5% de expansão dos seus estoques. A indústria, que liderou o crescimento nos 12 meses anteriores, passou para a quarta colocação (3,5%), superando apenas o comércio (3,2%).
Na distribuição dos empregos formais gerados entre novembro de 2021 e novembro de do ano passado, houve equidade entre homens (50,1%) e mulheres (49,9%), reforçando a tendência de progressiva convergência nas participações dos dois grupos no mercado formal de trabalho gaúcho – a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) mostra que, ao final de 2021, homens ocupavam 53,2% dos vínculos formais do Estado. Dez anos antes, sua parcela era de 55,3%.
No Estado, a preferência é pela mão-de-obra mais jovem. Entre novembro de 2021 e novembro de 2022, os menores de idade ficaram com 26,3% dos novos empregos (28,8 mil adolescentes). Os jovens de 18 a 24 anos concentraram 53,7% dos postos adicionais gerados no período, com 58,6 mil vínculos.
Assim, 80% dos empregos gerados em um ano se referem a menores de 25 anos, os quais, na Rais de 2021, limitavam-se a 15,5%. As duas faixas com idades mais elevadas (50 a 64 anos e 65 anos ou mais) foram as únicas a ter saldos negativos.
O salário médio real de admissão no mercado formal do Rio Grande do Sul situava-se, em novembro último, 1,9% acima do praticado no mesmo mês do ano anterior e atingia R$ 1.801. Entretanto, manteve-se 9,2% abaixo do valor de novembro de 2020.
(Marcello Campos)