Preso desde sábado (14), quando desembarcou no aeroporto de Brasília (DF) com um mandado de prisão, o ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres está na Sala de Estado Maior no 4º Batalhão da PM, no Guará.
Segundo um relatório obtido pela TV Globo, Torres dorme em um beliche e tem acesso a uma antessala com sofá que, de acordo com o documento, está “em péssimo estado de conservação (assento rasgado)” e uma mesa com 4 cadeiras.
Torres é investigados por omissão nos atos terroristas no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal e no Palácio do Planalto, em 8 de janeiro. O ex-comandante-geral da Polícia Militar do DF, Fábio Augusto Vieira, também foi preso, no último dia 10, pelo mesmo motivo e está em outra cela no local.
Torres também pode usar os armários abertos do local e tem acesso a um banheiro que mede cerca de 1,5m por 2,5m. Há, ainda, um alojamento adjacente, composto por uma antessala em que há apenas um frigobar.
Também de acordo com o relatório, foi autorizado que o local recebesse a instalação de micro-ondas e TV. O corredor de acesso à Sala Maior foi isolado e tem policiamento em guarda 24 horas por dia para controle de acesso.
Atendimento psicológico
O relatório indica, ainda, que Torres solicitou atendimento psicológico. “De imediato, determinei que o Comando do BAVOP mantivesse contato com a Gerência de Saúde Prisional para disponibilizar o atendimento”, diz o documento.
Na segunda (16), o Ministério Público do Distrito Federal realizou vistoria no local e na cela onde está Fábio Augusto Vieira, o ex-comandante-geral da PM.
“Os promotores verificaram que as instalações são compatíveis com uma sala de estado maior, e que os presos não têm nenhum tratamento preferencial”, diz o ministério público.
Ainda de acordo com o Ministério Público, o acesso aos presos é restrito aos PMs de guarda, aos advogados e aos familiares, em dias de visita preestabelecidos. Os presos não podem usar dispositivos eletrônicos, terminais de comunicação externo ou ter contato com outras pessoas.
Torres e Vieira têm direito à prisão especial por serem, respectivamente, delegado da Polícia Federal e militar.
Prisões
A prisão de Torres foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Em 2 de janeiro, após o fim do governo Bolsonaro, o ex-ministro reassumiu a Secretaria de Segurança Pública do DF, que chefiou entre 2019 e 2021.
Ele comandava a pasta quando ocorreram a invasão e a depredação do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo por manifestantes radicais que defendem um golpe para derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A suspeita é que Torres, em conjunto com setores da Polícia Militar do DF e de militares, tenha atuado para facilitar a ação dos extremistas. O ex-ministro nega.
Já o ex-comandante da PM Fábio Augusto Vieira foi preso no dia 10, também por determinação de Moraes. Ele era o responsável pela corporação no dia dos ataques terroristas.
Ainda em 8 de janeiro, o presidente Lula decretou intervenção federal na Segurança Pública do DF. O interventor nomeado, Ricardo Cappelli, retirou Fábio Augusto do comando da Polícia Militar do DF. Para o lugar dele foi nomeado o coronel Klepter Rosa Gonçalves.