25/01/2023 às 22h31min - Atualizada em 26/01/2023 às 00h59min

Bradesco, Itaú e Santander se revoltam com explicações de trio acionista bilionário das lojas Americanas

Bradesco, Itaú e Santander se revoltam com explicações de trio acionista bilionário das lojas Americanas - Jornal O Sul

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A manifestação do trio de acionistas de referência da Americanas – Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles – causou indignação nos maiores bancos privados do País, ao tentar responsabilizar os próprios credores pelos problemas contábeis da empresa.

Segundo executivos que acompanham o caso, o posicionamento até aqui dos acionistas de referência da Americanas enfureceu os bancos credores da varejista, que começam a falar nos bastidores em possíveis retaliações. Algumas instituições já teriam começado a reduzir o crédito a outras empresas sob controle do trio, como a Ambev.

No domingo (22), Lemann, Sicupira e Telles emitiram uma nota pública em que se posicionaram pela primeira vez desde o começo da crise. Um trecho em particular incomodou os bancos: o que sugere que as instituições não teriam se atentando ao rombo contábil, ou seja, teriam parte da culpa.

“Ela (auditoria PwC), por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade”, afirmou o trio da nota do fim de semana.

A crise nas Americanas se tornou pública depois que o ex-CEO Sergio Rial – que estava no cargo havia pouco menos de dez dias no cargo – divulgou que foram identificadas “inconsistências” nos balanços dos últimos anos. A Americanas tem uma dívida declarada de R$ 43 bilhões.

O Bradesco manifestou publicamente rejeição ao que chamou de narrativas que atribuem aos bancos a responsabilidade sobre eventuais práticas irregulares adotadas por empresas que fazem negócios com o banco.

“Não compactuamos com alegações que buscam criar narrativas para atribuir aos bancos qualquer responsabilidade sobre as práticas contábeis irregulares da empresa e, assim, desviar a atenção do problema central, ou seja, a falta de consistência dos números das demonstrações financeiras e as responsabilidades dos seus dirigentes sobre tal fato”, afirmou o banco, em nota divulgada na terça (24).

A instituição disse ainda que a governança contábil das empresas é responsabilidade exclusiva de seus administradores, o que inclui o conselho de administração. “O Bradesco cumpre rigorosamente as diretrizes normativas e atua de acordo com as melhores práticas de mercado”, afirmou o banco. O Bradesco é, segundo fontes, o banco com o maior volume de empréstimos à Americanas, embora não seja o que está relativamente mais exposto à empresa.

O Itaú Unibanco divulgou nota dizendo que as chamadas cartas de circularização, que são encaminhadas pelos auditores que aprovavam as demonstrações financeiras da companhia, são apenas um instrumento de apoio às auditorias na verificação de informações contábeis fornecidas pelas companhias. Além disso, disse que é “leviana” a tentativa de atribuir aos bancos responsabilidades sobre práticas irregulares de empresas.

O Itaú Unibanco esclarece que a elaboração e aprovação das demonstrações financeiras que espelhem a realidade da companhia são responsabilidade única e exclusiva da administração da empresa, incluindo sua diretoria e seu conselho, e sem nenhuma influência dos bancos ou outros credores”, disse o banco, em nota à imprensa.

Ações na Justiça

O Santander pediu à Justiça a suspensão da recuperação judicial obtida na última semana pela varejista. O banco argumenta que o “pior já aconteceu”, e alega que a Justiça do Rio não seria o foro apropriado para julgar o caso – que deveria transcorrer em São Paulo, onde a maior parte das decisões da rede é tomada.

O Santander também pediu que a Justiça ouça os depoimentos de membros do conselho de administração da varejista e dos ex-CEOs Miguel Gutierrez e Sérgio Rial. O mesmo pedido inclui Sicupira e Paulo Alberto Lemann, representante de Lemann no conselho.



Fonte: https://www.osul.com.br/bradesco-itau-e-santander-se-revoltam-com-explicacoes-de-trio-acionista-bilionario/
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