Ao mesmo tempo em que defende a exploração do potássio na Amazônia, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, diz que o governo pode fazer com que a Petrobras volte a ter um plano na área de fertilizantes. Nos últimos anos, a estatal se afastou dessa área, mas ainda tem três fábricas capazes de produzir fertilizantes nitrogenados, que estão em situações distintas.
Essas usinas, via de regra, produzem ureia e amônia, também usadas em fertilizantes. As unidades de Bahia e Sergipe foram arrendadas para a Proquigel, subsidiária da Unigel, uma das maiores petroquímicas do país. Já a Araucária Nitrogenados S.A. (ANSA), que fica no Paraná, foi colocada em modo de “hibernação” em 2020. Em dezembro do ano passado, a estatal decidiu vender sua participação no negócio, mas ainda estava em avaliação o desinvestimento quando houve a troca de governo.
O argumento da Petrobras para se desfazer da unidade era o de que ela apresentava recorrentes prejuízos desde 2013, quando foi adquirida pela Petrobras. A perda anual foi estimada em mais de R$ 400 milhões.
A estatal tentou vender a fábrica para a companhia russa Acron Group, mas não teve sucesso. Os russos também tentaram comprar uma fábrica inacabada de fertilizantes da Petrobras no Mato Grosso do Sul no ano passado, mas o negócio não prosperou.
A Petrobras, agora, estuda finalizar as obras dessa fábrica e manter a unidade em seu portfólio. O novo presidente da estatal, Jean Paul Prates, já indicou que quer retomar os investimentos da empresa em outras áreas, para além da produção de petróleo, como fertilizantes e a geração de energia de fontes renováveis.
André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Químicas (Abiquim), afirma que o Brasil tem potencial para instalar seis ou sete novas plantas de produção de nitrogenados de US$ 2 bilhões cada, com capacidade unitária de 2 milhões de toneladas.
Planos
Desde quando assumiu, Jean Paul Prates tem falado em colocar a Petrobras em uma rota de transição energética. Em reuniões na equipe de transição, ele participou de discussões sobre a retomada da produção de fertilizantes. Na COP-27, no Egito, defendeu o uso do gás como solução sustentável no transporte, petroquímica e também fertilizantes.
Além da própria Abiquim, outros representantes do setor químico avaliam que compra das plantas da Petrobras ou a construção de novas unidades interessa ao mercado, desde que seja disponibilizado um gás a preço competitivo. Caso contrário, a “conta não fecha” porque o investimento é muito alto.
Um executivo, que falou com reportagem sob a condição de anonimato, lembra que a ureia chegou a bater na casa dos US$ 1 mil por tonelada no ano passado, mas já caiu pela metade. Ele calcula que a conclusão da UFN-3, considerada a “jóia da coroa”, por seu projeto moderno, localização e capacidade de produção, deve exigir investimentos de US$ 700 milhões a US$ 1 bilhão.