Ao entrar em seu novo gabinete de deputado na Câmara, Alberto Fraga levou um susto. Não havia nenhum mobiliário. Os cabos estavam expostos e a sala, completamente vazia.
Ocupado até 19 de janeiro pelo ex-deputado Lucas Vergilio, que não se reelegeu, o escritório foi esvaziado porque, segundo Fraga, os móveis eram de uma reforma particular.
Fraga conta ter sido procurado por Vergilio para vender o mobiliário do gabinete por R$ 150 mil, sob a alegação de se tratar de móveis comprados com recursos próprios.
Como os deputados têm direito a estrutura bancada pela Câmara, Fraga não quis pagar pelos móveis de colega, que, parou um caminhão de mudança e carregou tudo.
Lucas Vergilio, por sua vez, conta ter desocupado o imóvel uma semana antes do prazo estipulado pela Câmara para dar tempo suficiente de a Casa reinstalar o mobiliário do gabinete.
Ele confirma ter bancado a reforma com recursos próprios e com a ajuda de um arquiteto profissional. Esses móveis serão aproveitados no escritório particular dele, em Goiás. Diz Vergilio:
“Me disseram que iriam resolver a questão e que nossa obrigação era deixar tudo limpo. E também mencionaram que, em virtude dos ataques ao Congresso, estavam sem funcionários para atender à montagem do novo gabinete, mas que isso já era de conhecimento do futuro parlamentar.”
Em 2007, o então deputado, costureiro e apresentador de TV Clodovil Hernandez ganhou repercussão ao gastar R$ 200 mil para reformar seu gabinete também na Câmara.
O gabinete era dividido em três ambientes: sala de espera, assessoria e área pessoal. Havia dois sofás em tecido branco, com faixas nas cores verde e amarela e as almofadas eram bordadas com brasão da República, em “ponto cheio”. Até a iluminação fora reforçada.
Palácio da Alvorada
No início de janeiro, quando Lula e Janja fizeram uma visita ao Palácio da Alvorada para conferir a situação da residência oficial antes de se mudarem para lá, se depararam com um… grande vazio no quarto presidencial.
Além de não ter nenhum móvel no aposento — não havia cama, nem mesas, nem tapetes — foram encontrados apenas um cofre para guardar armas de fogo, um cilindro de oxigênio e algumas poltronas.
Mas aonde foram parar os móveis? No momento, são tratados como “extraviados” até que a curadoria dos palácios presidenciais localize o paradeiro deles.
A propósito, o órgão abriu diálogo com o Iphan para tombar os móveis dos palácios do Planalto e da Alvorada, que ainda não estão classificados como patrimônio histórico.