Dois navios de guerra iranianos foram proibidos de atracar esta semana no porto do Rio de Janeiro. As embarcações possuíam autorização para a atracação na segunda quinzena do mês de janeiro, o que não ocorreu. Sendo assim, os iranianos demonstraram a intenção de apontarem na cidade nesta semana, no mesmo período em que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), faz uma visita oficial ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, numa tentativa de aproximação entre as duas nações.
A chegada dos navios iranianos neste período foi vista pelo governo brasileiro como uma espécie de provocação, o que justificou a proibição. No entanto, o Ministério das Relações Exteriores, junto com outros órgãos do governo, abriu uma nova data para a chegada das embarcações de guerra do Irã, entre 26 de fevereiro e 3 de março.
Os Estados Unidos são históricos inimigos do Irã. Frequentemente pedem para que países sul-americanos pratiquem sanções contra o país do Oriente Médio ou evitem transações comerciais. Os portos do Rio de Janeiro e do Brasil são abertos para todas as nações, mas a atracação de navios militares é algo relativamente incomum, ainda mais em um período de visita diplomática a outros países.
Embora haja forte pressão diplomática dos EUA para que os países da América Latina neguem esse tipo de permissão para a Marinha iraniana, o Ministério das Relações Exteriores adota o princípio de não reconhecer sanções unilaterais, apenas as aprovadas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Por isso não haveria razões para negar a solicitação de Teerã.
Marinha
As autorizações são dadas oficialmente pela Marinha, que cuida de questões logísticas, mas elas só são confirmadas após negociações entre os respectivos ministérios de Relações Exteriores. De acordo com fontes da Marinha, o espaço para as embarcações já estava designado pelo porto do Rio.
Lá, os navios iriam abastecer, e a tripulação passaria alguns dias na cidade. O plano repassado à Marinha envolvia a estadia por um curto período, até que seguissem para o Canal do Panamá, para exercícios militares. Embarcações de guerra, o Iris Makran tem mísseis e canhões navais e o Iris Dena, usado no apoio logístico de navios de combate, tem capacidade para transportar até cinco helicópteros.
Em nota, a Marinha brasileira disse que “não houve atracação no referido período [de 23 a 30 de janeiro]”. Procurada, a embaixada do Irã em Brasília não fez comentários. Pessoas com conhecimento das tratativas disseram reservadamente que os iranianos fizeram uma nova solicitação oficial para que os navios pudessem atracar no Rio, num período que compreende o fim de fevereiro e o início de março.