A Sem Parar, que lidera o mercado de pagamento automático de pedágios e estacionamentos, está detectando o aumento de demanda nas rodovias. Mas o mercado de estacionamentos ainda está com movimento abaixo do registrado em 2019, antes da pandemia enfraquecer a atividade econômica no país todo.
Em janeiro deste ano, o número de passagens nas praças de pedágios aumentou 9,5%, em relação a janeiro de 2019, e 10% sobre janeiro de 2022, informou Carlos Gazaffi, presidente da Sem Parar. O executivo está otimista com os negócios nesse segmento.
O desafio está nos estacionamentos, cujo movimento se mantém 15% abaixo do patamar pré-pandemia desde o início de 2022 até janeiro deste ano. Gazaffi que isso se deve ao trabalho remoto, que mantém parte da população em casa alguns dias da semana.
Tag
Os clientes da Sem Parar têm uma tag (um tipo de etiqueta) grudada no vidro do carro. Cada vez que o veículo passa por um pedágio, a tag é acionada e o pagamento é feito de forma automática. Estimativas do setor apontam para uma média de 8 milhões de tags no país. Na visão do executivo, há muito espaço para a indústria crescer uma vez que a frota nacional está na casa de 50 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
Somente a Sem Parar, controlada pela americana FleetCor, tem 6 milhões de tags ativas em sua base – entre os concorrentes estão a ConectCar, Veloe e Green Pass. Considerando o volume bruto, a Sem Parar registrou 820 milhões de passagens no ano passado nas rodovias, um crescimento na casa de 4% sobre 2021.
De 2018 até 2022, o número de pagamentos de pedágio com tags saltou 14 pontos percentuais, para 62% do total de passagens, segundo dados da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). O setor tem ganhado apoio dos governos, que permitem às concessionárias de rodovias oferecer descontos a usuários que usam tags.
Free flow
Uma nova janela de oportunidade será o chamado “free flow”, quando o usuário paga pelo km rodado na rodovia e não mais por praças de pedágio. A primeira a usar o modelo deverá ser a Dutra, rodovia que liga São Paulo ao Rio – o “free flow” seria usado no trecho urbano de Guarulhos (SP), antes de 2025. A concessionária CCR, iniciou testes neste mês de fevereiro em um trecho da BR 101 Rio-SP, em Paraty, Mangaratiba e Itaguaí. “O setor tem acompanhado de perto esses passos”, disse Gazaffi, que também é presidente da Associação Brasileira das Empresas de Pagamento Automático para Mobilidade.
A tag será o mecanismo a ser usado pelas concessionárias para debitar os pedágios no modelo “free flow”. Caso o motorista não tenha, ele será notificado pela concessionária que tem uma tarifa pendente – a partir de 48h tem acréscimo de multa e após cinco dias é considerado infração grave.
Ampliação
Um dos maiores esforços feitos pela Sem Parar tem sido aumentar a operação de pagamento com tags em redes de postos de combustíveis. Hoje, são 2,4 mil postos – em 2020 eram 500. Entre as novas áreas de atuação estão Brasília, Curitiba, Salvador e Joinville.
Mas o segmento ainda patinando é o de estacionamentos, contou o executivo. Desde o início do ano passado a operação se mantém 15% abaixo do pré-pandemia (considerando os mesmos pontos). Em volume total, foram 68 milhões de pagamentos na área de estacionamento no ano passado – somente shoppings representam 89% dessa divisão. “Parece que o negócio estacionou em um determinado patamar”, disse, apontando a transformação provocada pelo trabalho remoto.
“A nossa visão é que a mudança de comportamento dos consumidores veio para ficar… Ou até que tenhamos outro fator que provoque uma outra transformação. Hoje as pessoas querem flexibilidade. As empresas perceberam que a produtividade é a mesma”, disse Gazaffi.