Durante a reunião do G20 na Índia, Fernando Haddad e o Campos Neto abriram espaço na agenda oficial para almoçarem juntos, sozinhos. O encontro foi acertado entre eles, sem a presença de assessores, e durou cerca de uma hora e meia. Este seria um evento natural em um ambiente de relações institucionais e complementares entre o Ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central. Não é o caso do Brasil agora, com a profusão de ataques e críticas do novo governo à autoridade monetária.
O almoço reforça a sinalização de que a relação do ministro e o chefe do BC não foi abalada pela animosidade contra Campos Neto, os juros e as metas de inflação liderada pelo presidente Lula e alimentada pelo PT.
Outro sinal de trégua veio no discurso de Fernando Haddad aos ministros das finanças e banqueiros centrais do G20. O ministro disse que está preocupado com nível da dívida, especialmente nos países pobres. E sobre os juros, o discurso trouxe uma única linha, sem falar especificamente do Brasil. “A elevação das taxas agrava o cenário de fragilidade da economia internacional”, disse Haddad.
O encontro pode fortalecer a ponte entre os condutores da política econômica do País, mas dificilmente vai estancar o debate contra atuação do BC e a presença de um integrante apontado por Jair Bolsonaro no governo petista.