Nessa disputa de figuras da advocacia pela cadeira de Ricardo Lewandowski no STF, ministros da Corte avaliam que as decisões favoráveis a Lula, adotadas em série pelo magistrado nas últimas semanas, fortalecem a posição do ex-assessor Manoel Carlos, já indicado pelo ministro para substituí-lo na Corte.
“É inquestionável que as decisões fortalecem o candidato do Lewandowski, mas há reflexos também para Cristiano Zanin, que defendeu Lula nesses casos agora trancados”, diz um ministro da Corte.
“Três meses para a aposentadoria. Há muito tempo ainda para definir as coisas. Muita coisa pode rolar”, diz outro magistrado sobre o favoritismo do candidato de Lewandowski.
Lula já deu sinais de que não irá decidir sobre o tema antes da aposentadoria de Lewandowski, mas a batalha para influenciar a escolha do presidente da República é grande e movimenta diferentes atores do meio jurídico e político em Brasília.
Recentemente, o ministro Lewandowski determinou o encerramento de três ações penais contra o presidente da República. Elas tratam da aquisição da sede e de doações ao Instituto Lula e de supostas irregularidades na aquisição de caças suecos Saab-Gripen para a Força Aérea Brasileira no governo Dilma Rousseff.
Aposentadoria
Com a proximidade de sua aposentadoria, prevista para maio, o ministro do STF Ricardo Lewandowski deve formalizar a comunicação sobre a sua saída até o dia 10 de março. A partir daí, o magistrado sairá da lista de distribuição de novos casos e, no período de 60 dias restantes, deverá concluir processos de sua relatoria, participando das votações em plenário.
Entre as matérias que estão sob a sua responsabilidade, está o pedido feito pelo PCdoB questionando a quarentena de 36 meses para políticos ocuparem cargos em empresas estatais. O intuito de Lewandowski é proferir uma decisão na próxima semana, submetendo o caso ao plenário. Interlocutores do ministro afirmam que ele já sinalizou considerar o período de três anos muito longo.
Lewandowski segue disposto a deixar a função no início de maio, dias antes do seu aniversário de 75 anos, celebrado no dia 11, dizem pessoas próximas. O ministro também tem a intenção de reduzir o número de processos em seu gabinete e deixar como acervo de 600 a 800 casos sem análise.