A taxa de desemprego no Brasil terminou o ano em queda. No trimestre encerrado em dezembro, esse número ficou em 7,9%, uma queda de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre anterior. De acordo com o IBGE, com esse resultado, a taxa média do ano, dentro da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) ficou em 9,3% – em 2021, esse índice foi de 13,2%.
Segundo o IBGE, o resultado anual é o menor desde 2015, mostrando que o mercado de trabalho não apenas confirma a tendência de recuperação após o impacto da pandemia da covid, como também ultrapassou o patamar pré-pandemia. “O ano de 2021 foi de transição, saindo do pior momento da série histórica, sob o impacto da pandemia e do isolamento ocorrido em 2020. Já 2022 marca a consolidação do processo de recuperação” afirma Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, em nota. “Em dois anos, a desocupação do mercado de trabalho recuou 4,5 pontos percentuais.”
Apesar da melhora em relação aos últimos anos, o IBGE ressalta que a taxa de desocupação ainda se encontra 2,4 pontos percentuais acima do menor nível da série, apresentado em 2014, quando ficou em 6,9%.
Ainda segundo a nota do IBGE, há outros índices que se destacaram no ano passado. O contingente médio anual da população ocupada, por exemplo, cresceu 7,4% em comparação com 2021, um aumento de mais 6,7 milhões de pessoas, chegando a 98 milhões. “O nível de ocupação também cresceu pelo segundo ano consecutivo, após o menor patamar em 2020 (51,2%) e registrou 56,6%, em 2022″, informa o instituto.
Também houve, em 2022, um aumento no número de empregados com carteira de trabalho assinada – esse indicador subiu 9,2%, chegando a 35,9 milhões de pessoas, consolidando a reversão da tendência iniciada em 2021. “Embora venha crescendo nos últimos dois anos, o índice ainda não é o suficiente para atingir o patamar de 2014, o maior da série”, lembra Beringuy. Em 2014, a estimativa média anual chegou a 37,6 milhões de empregados com carteira de trabalho no setor privado.
Já a média anual de empregados sem carteira assinada, de acordo com o IBGE, também aumentou de 2021 para 2022: 14,9%, passando de 11,2 milhões para 12,9 milhões de pessoas, atingindo seu maior patamar da série histórica. “Nos últimos dois anos, é possível visualizar um crescimento tanto do emprego com carteira quanto do emprego sem carteira. Porém, é nítido que o ritmo de crescimento é maior entre os sem carteira assinada”, explica a especialista.
O número de trabalhadores domésticos subiu 12,2% em 2022, alcançando 5,8 milhões de pessoas, enquanto o de empregadores atingiu o contingente de 4,2 milhões, também um crescimento de 12,2% em relação a 2021. Já os trabalhadores por conta própria totalizaram 25,5 milhões, alta de 2,6% na passagem de 2021 para 2022, segundo o comunicado do IBGE.
Comércio e serviços
O crescimento do mercado de trabalho entre 2021 e 2022 foi disseminado entre as diversas atividades econômicas, diz o IBGE. “Destaque para Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, que acumulou ganho de 9,4% (mais 1,6 milhão de pessoas) e chegou a cerca de 18,9 milhões de pessoas ocupadas no setor. A atividade que engloba ‘outros serviços’ foi a com maior porcentual de aumento da população ocupada, 17,8%, atingindo 5,2 milhões de trabalhadores. A segunda maior alta foi de Alojamento e alimentação, que cresceu 15,8% e viu o contingente de pessoas ocupadas atingir 5,4 milhões.”
Ainda segundo o IBGE, apenas o setor de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura teve queda porcentual da população ocupada (-1,6%). A estimativa é que 8,7 milhões de trabalhadores estavam ocupados no setor em 2022.
Como ponto negativo, o ano de 2022 fechou com o valor médio anual do rendimento real habitual estimado em R$ 2.715, o que representa 1% a menos que 2021, perda de R$ 28. Já a média anual da massa de rendimento chegou a R$ 261,3 bilhões e atingiu o maior patamar da série, com alta de 6,9% (mais R$ 16,9 bilhões) em relação a 2021.