O chefe da Assessoria Especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ex-chanceler Celso Amorim, reagiu “com tranquilidade” às pressões tanto dos Estados Unidos quanto de Israel contra os navios iranianos atracados na costa brasileira. Segundo ele, a presença dos navios, autorizada pela Marinha do Brasil até 4 de março, “é uma decisão soberana nossa, do Brasil”.
Amorim disse ainda que essa decisão “é consistente com o direito marítimo internacional e com a boa prática diplomática”. Nos primeiros governos de Lula, quando era chanceler, o embaixador articulou com a Turquia uma proposta de acordo para o programa nuclear do Irã, que naufragou na ONU com o voto decisivo dos Estados Unidos e da França. Apesar disso, Brasil manteve boas relações diplomáticas e comerciais com o Irã.
A reação contra a presença do navio iraniano partiu de um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. Para ele, a decisão brasileira foi “errada”: “Deixamos claro para países relevantes que esses navios não devem atracar em nenhum lugar e, até o momento, o Brasil é o único país do nosso hemisfério que aceitou o pedido de atracação”.
Já a reação de Israel, que é inimigo frontal do Irã, que classifica como “regime maligno”, foi ainda mais dura na condenação à decisão brasileira. Em nota oficial, classificou a presença do navio de guerra iraniano como “perigosa” e “lamentável” e conclamou: “Nunca é tarde demais para ordenar que os navios deixem o porto”.