O ex-presidente Michel Temer recebeu com tranquilidade o afastamento do juiz titular da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, por determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Para o político, a decisão não o surpreendeu e ocorreu conforme ele esperava.
“A história costuma corrigir as versões quando elas não espelham os fatos”, argumentou Temer. “Acima de tudo, o CNJ puniu o método que, até recentemente no Brasil, privilegiava a militância e as ambições pessoais em detrimento da justiça.”
O ex-presidente disse ainda que a medida do CNJ contra Bretas, “como constitucionalista, e ex-presidente da República”, o tranquiliza.
Em 21 de março de 2019, Bretas mandou prender Temer no âmbito da Operação Lava Jato, tendo como base um acordo de delação premiada. O ex-presidente teria cometido os crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro em contratos da Eletronuclear com a empresa de engenharia Engevix. Quatro dias depois, ele deixou a detenção.
Confira a íntegra da nota do ex-presidente:
“A decisão do Conselho Nacional de Justiça, no caso do juiz Marcelo Bretas, em nada me surpreendeu. Era o que eu esperava. A história costuma corrigir as versões quando elas não espelham os fatos. Acima de tudo, o CNJ puniu o método que, até recentemente no Brasil, privilegiava a militância e as ambições pessoais em detrimento da Justiça.
Isso é o que, como constitucionalista e ex-presidente da República, me tranquiliza.”
Afastamento
Marcelo Bretas, juiz que conduziu a Operação Lava Jato do Rio de Janeiro, foi afastado do cargo após decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na terça-feira (28).
Um processo administrativo foi aberto por decisão unânime do Conselho para apurar se Bretas tinha excessiva proximidade com a ala política do Rio de Janeiro – incluindo políticos próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele é suspeito de parcialidade na condução da Operação Lava Jato no estado.
Seu afastamento do cargo de juiz foi decidido por 11 votos a quatro.
A representação que levou à abertura do processo administrativo pelo CNJ foi feita por advogados do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e se baseia em uma reportagem da revista Veja que traz uma série de suspeitas sobre a relação de Marcelo Bretas com os procuradores da Lava Jato no Rio de Janeiro. Ele é acusado, inclusive, de negociar delações premiadas mesmo sendo juiz.