A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) explicou, nesta sexta-feira (31), por que não liberou os pousos de aviões de grande porte no Aeroporto de Fernando de Noronha, proibidos desde 12 de outubro de 2022, mesmo após a conclusão da obra emergencial feita pelo governo do estado. Segundo a instituição, o serviço não atendeu às exigências de segurança.
“Até o momento, foram realizadas somente intervenções emergenciais pelo governo de Pernambuco no pavimento do aeródromo, as quais representam aproximadamente 0,1675% da área da pista de pouso e decolagem”, declarou a agência, em nota.
Os reparos de emergência foram concluídos em 30 de novembro de 2022. Mas, segundo a Anac, “ainda persiste a situação já constatada quanto à desagregação do pavimento e ao risco de ingestão e danos aos motores, fuselagem e pneus das aeronaves pelo material desprendido”.
Ainda no texto, a Anac informou que os operadores aéreos perceberam “a necessidade de implementação de um processo efetivo de manutenção corretiva do pavimento, de forma a trazer os riscos identificados para níveis minimamente aceitáveis”.
A restrição atinge aeronaves com motores à reação, os chamados turbojatos, como o Boeing 737. No entanto, continuam sendo permitidos os pousos de aviões de grande porte na ilha apenas “no caso de operações de emergência médica ou de transporte de valores realizadas mediante prévia coordenação com o Operador do Aeródromo”.
A proibição levou a Azul a operar com um avião menor, do modelo ATR, e a Gol suspendeu as atividades em Noronha. A obra emergencial do governo custou R$ 1,2 milhão. A gestão passada indicou que um acordo foi firmado com a Anac e que, após o serviço emergencial, o pouso de aviões de grande porte seria liberado no aeroporto da ilha.
Em 18 de janeiro, a agência solicitou ao operador do aeroporto da ilha “novas evidências que demonstrassem que as medidas corretivas necessárias para a melhoria dos níveis de segurança operacional da pista foram implementadas e aguarda o encaminhamento de novas informações com detalhamento das ações propostas (incluindo, por exemplo, cronograma de ações/obras parciais)”.
Não há uma data para o fim da proibição da Anac. “Após avaliação do Plano de Ações Corretivas (PAC), observa-se que as não conformidades não se encontram saneadas, sendo que o operador aeroportuário continua executando as obras de manutenção e restauração necessárias, não se tendo, até o momento, uma data para a retirada da restrição operacional”, disse a agência.
Além da obra emergencial, a gestão passada do governo estadual anunciou um investimento de mais de R$ 60 milhões na requalificação completa do Aeroporto de Fernando de Noronha, que estava prevista para ser concluída em outubro de 2023.
Com a mudança de governo, a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco não divulgou, até a última atualização desta reportagem, o cronograma atualizado do serviço.
“O governo de Pernambuco reforça o compromisso assumido antes mesmo do início da gestão de acelerar as obras do Aeroporto Carlos Wilson, em Fernando de Noronha. A secretaria divulgará, em breve, um cronograma de obras elaborado junto à empresa contratada para requalificação da pista do aeroporto”, disse a secretaria.
Conselho Distrital
O Conselho Distrital de Fernando de Noronha decidiu, na terça-feira (28), pedir ao presidente Lula (PT) que as Forças Armadas assumam e executem a obra de recuperação da pista do aeroporto da ilha. Segundo os conselheiros, a decisão foi motivada pela não divulgação do cronograma do serviço pelo governo de Raquel Lyra (PSDB).