A perícia da Polícia Civil de São Paulo concluiu que o atestado de antecedentes criminais usado por Elize Matsunaga foi feito com base no documento de um colega de empresa. De acordo com os investigadores, ela teria usado um documento falso para conseguir emprego como empregada em uma empresa de Sorocaba, que exigia atestado negativo para antecedentes criminais.
A descoberta sobre as adulterações ocorreu após a apreensão do aparelho e do notebook dela pela Polícia Civil, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão. Ela chegou a ser detida pela polícia mas foi liberada em seguida. Aos agentes, Elize negou ter falsificado o atestado.
Em depoimento, o funcionário dono do documento original disse que havia retirado o atestado pelo celular de Elize e que ela teria ficado com o arquivo original. Ele alegou que não sabia que o documento seria usado para a falsificação.
Após o ocorrido, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediu o retorno de Elize Matsunaga para o regime fechado, o que foi negado pela Justiça. A promotoria, no entanto, recorreu da decisão. Agora, o caso deve ser julgado na segunda instância do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Em liberdade condicional desde maio de 2022, Elize foi indiciada no fim de fevereiro de 2023 por uso de documento falso.
Função do documento
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), o atestado de antecedentes criminais é um documento fornecido no estado pelo Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD).
Esse documento tem como objetivo informar a existência ou a inexistência de registro de antecedentes criminais. Ele apresenta a situação do cidadão no exato momento da pesquisa.
Ainda conforme a SSP, ele não apresenta a ficha pessoal do cidadão. “Somente disponibiliza uma resposta negativa ou positiva quanto a possíveis pendências jurídico-criminais atuais.” O documento tem validade de 90 dias.
Elize, em 12 de dezembro de 2022, teve o pedido deferido para mudança de endereço. Isso teria ocorrido porque ela fixou residência em Sorocaba. Na decisão, houve a determinação para que autos fossem remetidos à Vara de Execuções Criminais da cidade.
O sistema do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, no entanto, ainda mostra a execução como sendo na cidade de Franca. O TJ não comentou a questão.
Elize Matsunaga está sendo investigada por usar um documento de terceiros para tentar limpar a ficha criminal dela para um trabalho em um condomínio em Sorocaba, no interior de São Paulo.
“Ela é uma pessoa nacionalmente conhecida. O nome dela gera um conhecimento, um impacto. Ela usou desse artifício, sim, para tentar burlar a fiscalização, para burlar o controle de acesso desse condomínio”, afirmou o delegado Acácio Leite durante coletiva de imprensa, onde apresentou detalhes da investigação sobre o caso.
A defesa nega a adulteração do documento e, em depoimento, Elize disse que foi a empresa onde ela trabalhava que falsificou o atestado de antecedentes.
Relembre o crime
O assassinato de Marcos Matsunaga aconteceu em maio de 2012 no apartamento do casal, na Vila Leopoldina, em São Paulo. O empresário era herdeiro da empresa de alimentos Yoki e, segundo a investigação, Elize cometeu o crime por suspeitar de traição.
O marido foi morto com um tiro na cabeça e, depois, teve o corpo cortado em partes, que foram colocadas em sacos e levadas no porta-malas do carro. As partes foram espalhadas em áreas verdes da Região Metropolitana de São Paulo. A mulher confessou o crime durante a investigação.
Sem conseguir contato com Elize, a reportagem procurou seu advogado, Luciano Santoro, e ainda aguarda retorno.