06/04/2023 às 22h29min - Atualizada em 07/04/2023 às 00h07min

Carro popular pode ajudar a destravar o mercado automobilístico no Brasil

Carro popular pode ajudar a destravar o mercado automobilístico no Brasil - Jornal O Sul

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Desde 2020, o mercado de veículos está estagnado em torno de 2 milhões de unidades por ano e não deve ser muito diferente em 2023, segundo projeções. Juros altos e restrições ao crédito dificultam a aguardada recuperação de vendas pós-pandemia. Mas os preços também não ajudam.

Há alguns dias, indústria e revendedores têm falado sobre ressuscitar o carro popular, programa de incentivos para veículos mais baratos, lançado na década de 1990. “Não sei se vai se chamar carro popular ou de entrada porque os automóveis mudaram desde o Fusca e o Uno Mille. Mas, para o mercado girar precisamos de escala e não vamos conseguir com carros de R$ 300 mil ou R$ 500 mil”, afirma o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), José Maurício Andreta Júnior.

Segundo o dirigente da entidade que representa os concessionários do País, um novo programa envolvendo governo e indústria e voltado a modelos mais acessíveis pode ser construído a partir da garantia de aprovação de crédito por meio de algum mecanismo como fundo garantidor. Mas as discussões ainda estão no começo. Por enquanto, o setor amarga vendas fracas, mesmo que o resultado do primeiro trimestre tenha revelado altos índices de crescimento.

Os dados “não refletem a realidade do mercado”, diz Andreta, porque a comparação é feita com um primeiro trimestre muito ruim, em 2022. Naquele momento, havia falta de carros porque a indústria enfrentava um dos picos da escassez no fornecimento de componentes, um dos efeitos da pandemia.

Desempenho

Com 198,9 mil unidades, a venda de veículos cresceu 35,5% em março em relação ao mesmo mês do ano passado. Já no acumulado do ano, foram emplacados 471,6 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus, segundo a Fenabrave com base em dados dos órgãos de trânsito. Isso representou um avanço de 16,3% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.

Para Andreta, a comparação mais correta seria com o primeiro trimestre de 2019, o que daria queda de 22%. Ao divulgar o desempenho do setor, a Fenabrave manteve as previsões feitas em janeiro: zero de crescimento do mercado de automóveis, comerciais leves e de caminhões e 5% de aumento nas vendas de ônibus.

Segundo o dirigente, a entidade prefere aguardar o desempenho da economia e conhecer melhor os mecanismos que serão usados pelo governo para alcançar o equilíbrio fiscal e guardar eventuais previsões mais otimistas para julho. “Na dúvida, todo o mundo se retrai e este é o momento que estamos vivendo”, destaca.

Embora reconheçam que taxas de juros e as restrições ao crédito sejam fatores que inibem as vendas de veículos, os representantes das concessionárias apoiam a posição do Banco Central, que tem mantido a taxa Selic em nível elevado. “O remédio é amargo. Mas o papel do Banco Central é manter o poder de compra da moeda e evitar a inflação”, afirma o diretor-executivo da Fenabrave, Marcelo Franciulli.

Inadimplência

Os representantes dos concessionários percebem que o risco da inadimplência torna o crédito mais difícil. Segundo Andreta, o percentual de aprovação de fichas para financiamento de automóveis solicitadas ao sistema bancário para financiamento tem girado em torno de 60%.

Com taxas de juros elevadas, o setor de consórcios aposta num aumento de interesse do consumidor por esse sistema de vendas. O número de cotas de veículos leves cresceu 9,1% no primeiro bimestre, último dado divulgado pela Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios.

“O sistema de consórcios é uma alternativa tradicional e segura para quem planeja a compra de veículos e a única forma de aquisição que não cobra juros e IOF. Pode ser até 80% mais econômica que o financiamento”, destaca Luís Toscano, vice-presidente de negócios da Embracon, empresa que atua no setor há mais de 30 anos. Seguindo ele, a empresa registrou aumento de vendas de 30% no primeiro bimestre na comparação com o mesmo período de 2022.



Fonte: https://www.osul.com.br/carro-popular-pode-ajudar-a-destravar-o-mercado-automobilistico-no-brasil/
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